Ciência explica por que repetimos padrões de relacionamento
Estudos ajudam a entender por que voltamos para o mesmo tipo de relacionamentos ou colocamos nossos parceiros em um pedestal
atualizado
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Você já saiu de um relacionamento certo de que nunca mais namoraria uma pessoa do “mesmo tipo”, mas acabou caindo no padrão novamente? Ou olhou para trás e percebeu que não tinha nada a ver com o ex? Saiba que você não é o único e a ciência pode explicar por que isso acontece.
Ao comparar as personalidades dos parceiros atuais e anteriores de 332 pessoas, cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, descobriram que muitas vezes procuramos o amor repetidamente em indivíduos com o mesmo padrão de personalidade.
“É comum que, quando um relacionamento termina, as pessoas atribuam o rompimento à personalidade do ex-parceiro e decidam que precisam namorar alguém com um tipo diferente. Mas a nossa pesquisa sugere que há uma forte tendência de continuar a namorar uma personalidade semelhante”, afirma o psicólogo Yoobin Park, estudante de doutorado na Universidade de Toronto e principal autor do estudo, em comunicado.
Os voluntários e uma amostra de parceiros atuais e anteriores deles avaliaram seus próprios traços de personalidade relacionados à amabilidade, consciência, extroversão, neuroticismo e abertura a experiências.
A inclusão dos parceiros no estudo foi a maneira encontrada pelos pesquisadores de tornar os resultados mais confiáveis, ao invés de depender apenas do voluntário principal para descrever seus companheiros.
Na sequência, todos foram questionados sobre o quanto se identificavam com afirmações como “geralmente sou modesto e reservado”, “estou interessado em muitos tipos de coisas diferentes” e “faço planos e os realizo” em uma escala de cinco pontos.
O estudo mostrou que, em geral, os parceiros atuais dos voluntários se descreviam de forma muito semelhante aos anteriores. “O grau de consistência de um relacionamento para outro sugere que as pessoas podem de fato ter um ‘tipo’”, considera o coautor do estudo Geoff MacDonald, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Toronto.
A descoberta pode ajudar as pessoas a entenderem seus padrões de relacionamento para que tenham conexões mais saudáveis. “Em todo relacionamento, os indivíduos aprendem estratégias para trabalhar com a personalidade do parceiro. Se a personalidade do seu novo par se assemelha à do ex, transferir as habilidades que você aprendeu pode ser uma forma eficaz de iniciar um novo relacionamento em boas condições”, afirma Park.
A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2019.
O amor é cego?
Em outro estudo, pesquisadores das universidades de Canberra e do Sul da Austrália investigaram os mecanismos que causam o amor romântico para tentar explicar por que colocamos nossos parceiros em um pedestal quando estamos apaixonados.
Já se sabe que o amor romântico altera o cérebro, liberando ocitocina, o hormônio responsável pela euforia que sentimos ao nos apaixonar. Mas esta foi a primeira vez que cientistas mediram como uma parte do cérebro atua nessa situação.
Para tanto, os pesquisadores entrevistaram 1.556 jovens adultos que se identificaram como estando “apaixonados”. As perguntas focaram na reação emocional ao parceiro, no comportamento ao seu redor e no foco que colocaram no ente querido acima de tudo.
O estudo mostrou que o amor romântico está ligado a mudanças de comportamento e também de emoção. “Sabemos o papel que a ocitocina desempenha no amor romântico, porque temos ondas dela circulando por todo o nosso sistema nervoso e corrente sanguínea quando interagimos com entes queridos”, afirma o doutor Phil Kavanagh, professor da Universidade de Canberra.
A forma como os entes queridos assumem especial importância deve-se, no entanto, à combinação da ocitocina com a dopamina, uma substância química que o cérebro libera durante o amor romântico. “Essencialmente, o amor ativa caminhos no cérebro associados a sentimentos positivos”, considera Kavanagh.
Este foi o primeiro estudo mundial que investigou a ligação entre o sistema de ativação comportamental (BAS) do cérebro e o amor romântico. Os resultados foram publicados em janeiro deste ano na revista Behavioral Sciences.
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