Poliomielite volta a preocupar em cenário de queda na vacinação
Especialistas temem que doença erradicada volte a circular por conta de cobertura vacinal
atualizado
Compartilhar notícia
A proteção vacinal da poliomielite no Brasil está sofrendo queda brusca neste ano. De janeiro a julho de 2020, a cobertura atingiu 60% do público-alvo, muito abaixo dos 95% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O distanciamento social e o medo causado pela pandemia da Covid-19 são listados como as causas do declínio. Os números preocupam médicos, que temem um novo surto da doença já erradicada no país.
A médica Luiza Helena Falleiros, integrante do Departamento de infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que, atualmente, há mais de 1 milhão de crianças inadequadamente vacinadas.
“Temos que recorrer a todas as estratégias possíveis para que essa cobertura possa aumentar, senão teremos a pólio de volta”, frisou em encontro virtual promovido pelo laboratório Sanofi Pasteur na terça-feira (20/10).
A poliomielite é uma doença grave, causada pelo poliovírus. Ela pode causar paralisia e atrofia dos membros e sua evolução pode levar à morte. Apesar de ser predominante entre as crianças com até 5 anos de idade, ela também pode afetar adultos.
Não existe tratamento específico para a doença, por isso, a importância da vacinação aumenta. No Brasil, a imunização contra a pólio é aplicada em três doses – aos 2, 4 e 6 meses de vida. Atualmente, o Ministério da Saúde está com uma campanha em curso até o próximo dia 30 para atualizar a vacina da criançada.
Em 2011, a cobertura vacinal no país era de 100%, mas começou a cair nos anos seguinte e acendeu o sinal de alerta em 2017, ao atingir 84,8%. Em 2019, ela chegou a 82,7%.
“Nós temos um risco muito maior além da Covid com essas outras doenças, em especial as que são imunopreviníveis”, destaca Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Transmissão do poliovírus
O vírus da pólio é transmitido por meio da garganta na fase aguda ou por alimentos e fezes, replicando-se no intestino.
Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que, para cada 200 crianças infectadas, uma ficará paralisada e cinco morrerão porque os músculos respiratórios serão afetados.
Além disso, cerca de 40% dos adultos que sobrevivem à doença na infância podem desenvolver um quadro de síndrome pós-pólio (SPP) por volta dos 40 anos. Um dos sintomas é dor muscular e fadiga.
Erradicação da poliomielite
Em 1988, o mundo tinha 350 mil casos de poliomielite em 125 países. Graças aos esforços da OMS, a cobertura vacinal aumentou em todo o mundo e, em 1994, o continente americano ganhou o certificado de erradicação da doença.