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Poliomielite: o que se sabe sobre o caso investigado no Pará

Menino de 3 anos desenvolveu sintomas de paralisia infantil e vírus atenuado foi encontrado nas fezes. Porém, causa não está esclarecida

atualizado

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Breno Esaki/Agência Saúde DF
Poliomielite
1 de 1 Poliomielite - Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

Nessa quinta-feira (6/10), a secretaria de saúde pública do estado do Pará divulgou, em comunicado de risco, o caso de uma criança de três anos internada com sintomas semelhantes aos da poliomielite — febre, dores musculares e redução da capacidade motora nas pernas. Ao ser hospitalizado, 22 dias após o aparecimento dos primeiros sinais, o menino já não conseguia ficar de pé.

Exames encontraram, em uma amostra das fezes do paciente, o vírus Sabin Like 3, patógeno atenuado usado em vacinas — o vírus pólio selvagem foi erradicado do Brasil em 1994.

Apesar de o vírus ter sido identificado e o paciente apresentar sintomas compatíveis, o caso ainda está em investigação. É preciso ter certeza que o vírus encontrado nas fezes provocou os sintomas apresentados pelo menino. Se o caso for confirmado, será o primeiro diagnóstico de poliomielite no Brasil desde 1989.

De acordo com a secretaria de saúde, outra opção é que a criança tenha desenvolvido a síndrome de Guillain-Barré, distúrbio autoimune que pode ser desencadeado após o combate a uma infecção viral, por exemplo.

Vacinação incompleta

No comunicado de risco, o órgão explica que o menino começou a apresentar sintomas 24h depois de tomar a vacina VOP, conhecida popularmente como “gotinha”. O imunizante usa um vírus atenuado, e é recomendado pelo Ministério da Saúde apenas para o reforço anual — crianças menores começam a vacinação com duas doses da vacina VIP, injetável, que usa o vírus inativado.

“Quanto ao histórico vacinal da criança, foi verificado que estava incompleto e que ela não recebeu as doses da VIP previamente. Ao analisar a carteira, a criança possuía duas doses de VOP, o que está em desacordo com as normas do Programa Nacional de Imunizações (PNI)”, diz o documento.

O pediatra Renato Kfouri afirma que é normal encontrar o vírus nas fezes de uma criança que acabou de tomar a vacina, ou seja, a presença do vírus não seria suficiente para confirmá-lo como causador da paralisia. “É preciso sequenciar esse vírus que encontraram para ver se está íntegro, ou se sofreu alguma mutação ou uma reversão da virulência, causando o quadro de paralisia aguda”, aponta.

Sequenciamento genético

Kfouri ensina que é necessário fazer uma série de testes no paciente e o sequenciamento genético do vírus para descobrir se a situação da criança está associada ao imunizante. Outra possibilidade é que o quadro tenha sido uma coincidência, e o menino já tivesse alguma doença que se manifestou depois da vacina. “É preciso esclarecer, ele não tinha um esquema adequado de vacinas”, aponta.

A secretaria de saúde deslocou uma equipe de vigilância epidemiológica para o município de Santo Antônio do Tauá, onde a criança mora, para qualificar as informações e avaliar o quadro clínico. O paciente se recupera em casa e está sendo assistido pelo governo do estado.

O Ministério da Saúde foi notificado, e enviou uma equipe para ajudar nas investigações. A pasta informou que não há registro de circulação viral da poliomielite no Brasil e que, de acordo com as informações enviadas pela secretaria estadual de saúde, o caso pode estar relacionado a um evento ocasionado por vacinação inadequada.

Como uma doença erradicada pode ter novos casos?

O vírus da poliomielite selvagem foi considerado erradicado no Brasil em 1994, mas, enquanto não for erradicado em todo o mundo, existe o risco que o vírus volte a circular. Por isso, é importante que as crianças menores de cinco anos sejam vacinadas com o protocolo determinado pelo PNI — a imunização é a única forma de evitar que pessoas sejam contaminadas pelo vírus.

Apesar da importância da vacina, os indicadores de imunização infantil estão em queda desde 2015. No ano passado, segundo a Fiocruz, a campanha cobriu apenas 67,1% do público alvo, índice considerado muito abaixo do ideal. A cobertura devia ser de mais de 95%.

No Distrito Federal, a campanha de 2022 foi prorrogada, e seguirá até o dia 28 de outubro — até o final de setembro, apenas 33% das crianças tinham sido vacinadas.

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