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Técnica recupera rosto de mulher desfigurado por queimaduras

Cirurgiões aplicaram placenta humana no rosto de Marcella Townsend depois que ela sofreu queimaduras que a deixaram irreconhecível

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Mulher negra de perfil, olhando para cima - Metrópoles
1 de 1 Mulher negra de perfil, olhando para cima - Metrópoles - Foto: Mimedx/ Reprodução

A norte-americana Marcella Townsend, 47 anos, passou pelo terror de ver o próprio corpo em chamas, em 2021. Ela estava na casa da mãe, no estado da Geórgia, quando presenciou uma explosão de gás propano.

Marcella teve queimaduras de segundo e terceiro graus na maior parte do corpo, incluindo o rosto, que ficou irreconhecível. A gravidade do acidente fez com que ela precisasse passar quase dois meses em coma induzido em uma unidade de trauma por queimaduras.

Um enxerto de placenta humana fez o rosto da americana voltar ao que era antes, quase que milagrosamente. O procedimento inovador foi realizado por cirurgiões com uma fina camada de placenta doada.

“Foi a melhor coisa que poderiam ter feito. Parece exatamente como era antes”, contou a norte-americana ao jornal The New York Times.

Enxerto de placenta

As propriedades terapêuticas do tecido da placenta são conhecidas há mais de um século. Um estudo de 1910, conduzido por um cirurgião do Hospital Johns Hopkins, já mostrava a membrana amniótica como um material para se fazer enxerto de pele melhor do que enxertos de outros animais ou cadáveres humanos.

A placenta se forma no útero da mulher durante a gestação, fornecendo nutrientes para o feto e passando anticorpos importantes para a sobrevivência dele. No parto, ela é expelida junto com o bebê, cheia de colágenos, citocinas e células-tronco.

Estudos clínicos sobre o uso da placenta em feridas, úlceras de pele, cirurgias e queimaduras mostraram, nas últimas décadas, o potencial do órgão. Viu-se que os enxertos de membrana amniótica — a camada mais interna da placenta voltada para o feto — reduzem a dor e a inflamação, curam queimaduras, previnem a formação de cicatrizes e podem restaurar a visão.

Para tanto, a membrana amniótica é retirada da placenta e esterilizada, cortada em tamanho e formato uniformes, então é congelada a fundo (desidratado ou liofilizado). O pedaço do órgão é descongelado e colocado sobre uma ferida, onde é presa por pontos ou com um curativo para que suas propriedades entrem em contato com a pele do paciente.

“Antigamente, há 70 ou 80 anos, quando as pessoas se queimavam, alguém ia até a enfermaria obstétrica e pegava uma placenta”, contou o professor de cirurgia Dennis Orgill, da Faculdade de Medicina de Harvard e diretor do Centro de Cuidados com Feridas, no Hospital das Mulheres, em Boston.

Mas no final da década de 1980, o aumento expressivo dos casos de Aids e a preocupação com a transmissão da doença colocou o uso da placenta em escanteio. Aos poucos, as placentas foram voltando a ganhar espaço, seguindo um rigoroso protocolo de segurança para o uso.

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