Pessoas que têm alergias poderão tomar a vacina contra Covid-19?
Segundo especialista em imunologia, reações alérgicas graves a componentes de vacina são muito raras
atualizado
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A notícia de que duas pessoas na Inglaterra desenvolveram reações alérgicas à vacina da Pfizer/BioNTech pode ter deixado dúvidas com relação à segurança da fórmula, especialmente entre pessoas sensíveis a alguma substância.
A boa notícia, segundo Ana Karolina Barreto Marinho, coordenadora do Departamento de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), é que reações desse tipo são raras. “Isso não significa, necessariamente, que a imunização de indivíduos alérgicos será proibida”, completa.
A imunologista explica que, de modo geral, as reações a vacinas podem variar de sintomas leves a graves. Quando o quadro é leve, sinais como inchaço local, nas pálpebras ou coceira na pele são comuns. Já as reações anafiláticas (ou anafilaxia) são caracterizadas por falta de ar, lesões na pele (urticárias) e edema de glote. A anafilaxia pode ser, inclusive, fatal, mas é bastante rara.
O que os especialistas observam, de acordo com Ana Karolina, é que reações mais graves costumam estar relacionadas ao tipo de vacina e aos componentes presentes em cada imunizante. “A vacina da febre amarela, por exemplo, tem componentes do ovo. Então, pessoas extremamente alérgicas a esse alimento podem ter reações”, exemplifica.
De um modo geral, ser alérgico a algum tipo de medicamento também não significa, necessariamente, que a pessoa terá alergia a alguma vacina, segundo a médica. Ter reação alérgica a bijuterias, níquel ou timerosal (conhecido comercialmente como merthiolate), por exemplo, não é impeditivo para ser vacinado.
Novamente, a especialista chama a atenção para as substâncias que compõem a vacina. Entre os componentes que podem estar presentes nos imunizantes estão traços de leite, ovo, antibióticos (mais raros), látex, leveduras e gelatina.
Caso o paciente tenha alergia a algum alimento ou substância, o ideal é sempre avisar ao profissional que administrará o medicamento. “O responsável pela vacinação pode, então, checar se a vacina tem aquele componente ou não e se existe algum risco”, ensina Ana Karolina. “Às vezes a vacina tem componentes alergênicos, como o ovo, mas em quantidade tão pequena que não causa reações alérgicas. É o caso da vacina contra a influenza.”
Sem motivo para pânico
Com relação à recomendação da agência regulatória do Reino Unido de que pessoas com “histórico de reação alérgica significativa” não tomem o imunizante, Ana Karolina diz que não há motivo para pânico. “É, provavelmente, uma decisão temporária, até que as autoridades do país investiguem melhor os dois casos”, justifica. “Eles devem analisar quais alergias essas pessoas têm e se há relação com componentes da vacina.”
As autoridades de saúde britânicas ainda não divulgaram os dados clínicos dos indivíduos vacinados, por isso, não há como saber com certeza se as reações tiveram ou não a ver com a vacina produzida pela Pfizer. “[A vacina] é um produto novo, então temos que estar preparados para tratar eventos adversos. Todas as vacinas e medicamentos têm efeitos colaterais e, com certeza, outros casos aparecerão quando a vacinação com as outras fórmulas começarem.”