Pessoas mais pobres têm maior risco cardiovascular, afirma pesquisa
Estudo norte-americano descobriu que ter um nível socioeconômico mais baixo e viver em áreas violentas são fatores de risco para o coração
atualizado
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Quanto você ganha e o local em que você mora podem ser fatores de risco para problemas cardiovasculares. A descoberta foi feita em um recente estudo da American College of Cardiology Foundation, nos Estados Unidos (EUA), publicado no Journal of the American College of Cardiology (Jacc). De acordo com os cientistas, salários baixos e criminalidade alta podem ser preponderantes para o desenvolvimento de doenças relacionadas ao coração.
O estresse e as inflamações arteriais causadas pela falta de dinheiro e pela violência seriam os principais vilões das pessoas com nível socioeconômico baixo. A partir de exames de imagens, os pesquisadores estudaram a ativação do centro de estresse no cérebro, na região da amígdala, e a captação de FDG (fluordeoxiglicose) na parede arterial como marcador de inflamação. Eles perceberam que, quanto menor o nível socioeconômico, maioes o estresse e a ativação da amígdala, causando mais inflamações vasculares e taxas altas de eventos cardiovasculares.
Brasil
O resultado é importante porque comprova que indivíduos com maior estresse, como pessoas com baixo nível socioeconômico e que vivem em áreas de criminalidade ou próximo a elas (critério usado no estudo), têm maior risco de inflamação vascular, que é a causa de complicações cardiológicas como aterosclerose e infarto.
Os números de doenças relacionadas ao coração no Brasil são graves. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 30% das mortes no país são devido a doenças cardiovasculares. A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima uma morte a cada 90 segundos. Mais de três quartos das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda de acordo com a OMS, esse tipo de doença é uma questão de desenvolvimento em países de baixa e média renda porque, diferentemente das pessoas que vivem em países de alta renda, “indivíduos de países de baixa e média renda muitas vezes não têm o benefício dos programas integrados de atenção primária para a detecção e tratamento precoce dos indivíduos expostos aos fatores de risco”.
A falta de acesso a serviços de saúde faz com que os diagnósticos sejam feitos tardiamente, dificultando o tratamento e ocasionando mais mortes entre a população de menor renda. Para prevenir doenças cardiovasculares, a OMS recomenda evitar comportamentos de risco, como fumar, não praticar exercícios físico, ingerir álcool em excesso e consumir alimentos não saudáveis.