Pesquisadores testam eficácia de remédio para azia contra coronavírus
A ideia do estudo, que está em fase inicial, partiu da revisão de mais de 6 mil casos de pacientes que sobreviveram à doença em Wuhan
atualizado
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O hospital Northwell Health, de Nova York, nos Estados Unidos, está testando um remédio inusitado contra a Covid-19: um antiácido usado para azia estomacal que tem famotidina em sua fórmula.
O estudo está sendo feito com 187 pacientes em estado crítico – os pesquisadores pretendem testar 1.117 pessoas. A ideia é usar uma superdose da famotidina. “Se funcionar, saberemos em algumas semanas”, diz o médico Kevin Tracey, responsável pela pesquisa, à revista Science.
Tudo começou com o médico americano Michael Callahan, que estava na China estudando gripe aviária quando a epidemia do coronavírus começou. Ele foi para Wuhan e percebeu que a maioria dos pacientes com mais de 80 anos que sobreviveram à doença era pobre.
Ao revisar os arquivos de 6.212 pacientes de Covid-19, ele e um grupo de pesquisadores perceberam que muitos dos sobreviventes sofriam de azia crônica e tomavam a famotidina com frequência no lugar do omeprazol, que é mais comum no ocidente e mais caro. As pessoas hospitalizadas que tinham esse problema de saúde e consumiam o medicamento tinham uma média de mortalidade de 14%, em comparação com a estatística de 27% para a faixa etária.
As estatísticas eram cruas e o resultado não “significante”, mas Callahan entrou em contato com alguns colegas para compartilhar suas teorias. Robert Malone, chefe de um laboratório na Flórida, estava estudando uma enzima viral que ajudava o micro-organismo a se replicar. Em um modelo de computador, a famotidina interagia com a enzima de uma maneira promissora.
Depois de algumas pessoas relatarem bons resultados com o remédio, o Northwell decidiu começar a pesquisa, que deve apresentar resultados nas próximas semanas.