Pesquisadores questionam resultados da vacina russa contra a Covid-19
Grupo de 19 cientistas diz que há padrões estranhos e duplicados nos dados publicados na última semana
atualizado
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Um grupo de 19 cientistas de diferentes países divulgaram, nesta terça-feira (8/9), uma carta-aberta questionando os dados apresentados sobre a vacina russa contra a Covid-19. A Sputnik 5 é a primeira imunização a ser aprovada no mundo, mesmo sem ter passado pela fase do estudo clínico que mostra a eficácia da fórmula.
Segundo os pesquisadores, há padrões “muito estranhos” nos dados, que parecem estar duplicados para grupos de pacientes diferentes.
“É como se jogasse um dado e obtivesse exatamente a mesma sequência de números várias vezes, é altamente improvável”, afirma Enrico Bucci, professor de biologia da Temple University, nos Estados Unidos, em entrevista ao Moscow Times.
De acordo com ele, entre grupos diferentes de nove pacientes, testando variações completamente diferentes da imunização, se obtiveram exatamente os mesmos números.
“As informações parecem ter sido ‘photoshopadas’. São muito similares e improváveis, de um ponto de vista estatístico”, diz Andrea Cossarizza, professor de patologia e imunologia na Universidade de Modena, na Itália.
O grupo não encontrou problemas ao revisar os dados das vacinas da China, Estados Unidos e Inglaterra.
O cientista Denis Logunov, responsável pela pesquisa, afirmou ao jornal Meduza que não responderá aos questionamentos dos colegas e disse que não há dados errados no artigo publicado na última semana.
A revista The Lancet, que publicou o estudo clínico da vacina russa, diz encorajar o debate científico.