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Pesquisadores criam fórmula de preenchimento facial com casca de ovo

A matéria-prima deverá ser utilizada na produção de um novo gel preenchedor para a pele mais durável e com melhor aspecto

atualizado

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casca de ovo
1 de 1 casca de ovo - Foto: Getty Images

Em busca de corrigir rugas, cicatrizes e sulcos da pele, homens e mulheres movimentam o mercado estético em busca de tratamentos. O preenchimento dérmico com injeções faciais de ácido hialurônico é quase sempre a opção escolhida — segundo especialistas, o mercado global deve gerar um lucro de US$ 9,4 bilhões até 2028 e abrir portas para novas tecnologias.

Um produto inovador utilizando ovos, desenvolvido pela startup brasileira BioSmart Nano, já é uma das promessas para a próxima geração de preenchedores dérmicos. Em conjunto com o Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), da Fapesp, foi criado um processo de extração de ácido hialurônico de alta pureza a partir da casca de ovo.

A matéria-prima deverá ser utilizada na produção de um novo gel preenchedor para a pele. Além disso, também será desenvolvido, com parceiros dos setores público e privado do Canadá, um novo processo de estabilização do ácido hialurônico a partir de um componente que permite ajustar a durabilidade do produto no tecido e dar um melhor aspecto para a pele.

“O preenchedor é um gel e, se escorrer excessivamente, não produz a sustentação adequada. Mas, se a viscosidade for muito alta, ele não passa pela agulha e não tem aplicabilidade”, explica Hélida Barud, CEO da BioSmart Nano, em entrevista à Revista Galileu.

De acordo com a equipe, o projeto contou com duas fases dedicadas a desenvolver a rota de extração da matéria-prima por uma via inovadora, com o aproveitamento de casca de ovos. A tecnologia, criada em outubro de 2020, também está focada na obtenção de um produto diferenciado.

” O passo inicial foi fundamental porque não existem empresas brasileiras que produzam ácido hialurônico”, declara Barud.

Processo de extração

As empresas descrevem que a extração do composto é realizada por meio da retirada do cálcio da casca utilizando métodos convencionais. Em seguida, são utilizados ácidos em um processo que envolve diversos solventes e, depois, todos são removidos para que não restem resíduos no ácido hialurônico coletado. Esses resíduos, porém, podem se tornar um problema ambiental.

“Conseguimos fazer o processo com solventes mais orgânicos, que não são tão agressivos e não produzem tantos resíduos que possam agredir o meio ambiente. Com esse novo método de extração, trabalhamos em uma rota verde para obter o ácido hialurônico”, pontua a pesquisadora.

A BioSmart Nano foi fundada em Araraquara, no interior de São Paulo, em 2016, e a partir de 2018 teve diversos projetos aprovados no programa Pipe-Fapesp, incluindo o de desenvolvimento da tecnologia relacionada ao ácido hialurônico.

Previsões mercadológicas

O projeto apoiado pelo Pipe-Fapesp está previsto para terminar este ano e a parceria com o Canadá vai até 2023. O objetivo é incluir a empresa canadense na produção nacional dos produtos, que terão uma formulação de nova geração diferenciada, que proporciona maior sustentação ao tecido, melhores propriedades de biotoxicidade e evita inflamações locais.

“Já estamos na fase de testar as formulações. No primeiro trimestre de 2022 pretendemos fazer os testes de toxicidade e, em seguida, começar os ensaios clínicos em animais”, afirma Barud.

Segundo a pesquisadora, quando o projeto chegar à fase de validação e regulamentação, os custos aumentarão exponencialmente. Ela estima que o preenchedor esteja no mercado até 2024 — antes disso, será preciso realizar os testes em animais, planejar o escalonamento da produção e conquistar mercado.

“Avaliamos que gastaremos cerca de R$ 500 mil só com o processo de regulamentação junto à Anvisa. Por isso, embora a verba da Fapesp tenha sido vital para iniciar o projeto e consolidar a parte científica, teremos que seguir adiante buscando novos caminhos e também aportes de investidores”, conclui.

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