Pesquisa: Viagra pode prevenir ataque cardíaco em paciente com angina
Estudo feito na Suécia sugere que uso do remédio apresentou vantagens para pacientes com doença arterial coronariana estável
atualizado
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Um novo estudo sugere que o Viagra pode diminuir as chances de um novo ataque cardíaco em homens com doença arterial coronariana estável – conhecida popularmente como angina, além de fazê-los viver mais, em comparação com aqueles que sofrem da doença, mas não tomam o medicamento para disfunção erétil.
Os pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, testaram o Viagra em homens com doença arterial coronariana e compararam os resultados com voluntários com a enfermidade e que receberam outros remédios com a mesma finalidade. Os dados foram publicados na revista científica Journal of the American College of Cardiology.
Os cientistas analisaram 18.500 homens com doença arterial coronariana e impotência. Destes, 16.500 usaram Viagra ou Cialis, medicamentos com a mesma forma de atuação, enquanto 2 mil receberam uma injeção de alprostadil – um outro remédio para disfunção erétil. Todos os participantes tinham tido pelo menos um ataque cardíaco, foram submetidos a dilatação por balão (um procedimento de cateterismo cardíaco) ou passaram por cirurgia de revascularização nos seis meses anteriores ao início do tratamento para disfunção erétil.
A análise revelou que os homens que receberam Viagra tiveram redução na taxa de mortalidade e tiveram menor risco de um novo ataque cardíaco, insuficiência cardíaca, dilatação por balão e cirurgia de ponte de safena do que aqueles que receberam alprostadil.
Martin Holzmann, principal autor do estudo, afirmou em um comunicado à imprensa que a pesquisa sugere que há relação causal entre o uso de Viagra e a diminuição do risco de incidentes cardiovasculares, mas admite que são necessárias pesquisas mais aprofundadas para apontar com certeza o motivo.
O Viagra funciona inibindo a enzima fosfodiesterase5 (PDE5) no pênis, processo que aumenta o fluxo de sangue no órgão e resulta na ereção. Os pesquisadores levantaram a hipótese de que os resultados podem ter ocorrido porque alguns medicamentos para a disfunção erétil, como o Viagra, reduzem a pressão arterial, já que a hipertensão é um fator de risco para doenças cardíacas.
Outro estudo de 2017 conduzido pelos pesquisadores do Instituto Karolinska mostrou que homens que já tiveram um ataque cardíaco toleram bem os inibidores da PDE5 e que os medicamentos podem até prolongar a expectativa de vida dos pacientes.
“É possível que aqueles que receberam inibidores da PDE5 fossem mais saudáveis do que aqueles que tomavam alprostadil e, portanto, apresentassem um risco menor [de ataque cardíaco]”, detalha Holzmann. “Para verificar se é a droga que reduz o risco, precisaríamos distribuir os pacientes aleatoriamente em dois grupos, um que toma PDE5 e outro que não. Os resultados que temos agora nos dão uma razão muito boa para embarcar nesse estudo.”
A proteção contra novos ataques cardíacos foi proporcional à dose do Viagra ou de Cialis administrada, de acordo com Martin Holzmann. “Quanto mais frequente a dose do inibidor PDE5, menor o risco”, resume.
Considerando um possível uso dos inibidores da PDE5 na prevenção cardiovascular, o pesquisador afirma que mais esforços são necessários para estudar os efeitos deste tipo de remédio em mulheres, “onde a associação entre a função dos tecidos eréteis femininos e eventos cardiovasculares é menos investigada e compreendida”.