Pesquisa encontra ligação entre a Covid-19 e casos severos de dano cerebral
O inchaço do órgão foi responsável, inclusive, por episódios de delírio e pode ser registrado até em casos leves
atualizado
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De acordo com uma pesquisa publicada nessa quarta-feira (8/7), cientistas relatam que o coronavírus pode ser responsável por alterações neurológicas como inflamação cerebral, danos nos nervos, AVC e casos de delírio — em alguns casos, o problema no cérebro foi o primeiro e único sintoma do paciente.
Foram analisados, na University College London, na Inglaterra, detalhes de 40 pacientes com a doença. Uma dúzia dos participantes teve inflamação no sistema nervoso central decorrente do coronavírus, 10 apresentaram doença cerebral, com delírio e psicose, 8 tiveram AVC e outros 8, problemas nos nervos periféricos.
Os pesquisadores descobriram também um aumento no número de pacientes diagnosticados com encefalomielite aguda disseminada — no Reino Unido, antes da pandemia, eram registrados um caso por mês. Agora, o sistema de saúde computa dois ou três por semana.
“Estamos vendo sinais de como o coronavírus ataca o cérebro de uma forma que nunca tínhamos visto antes”, explica Michael Zandi, um dos autores do estudo, ao jornal inglês The Guardian.
Alucinações
O estudo relata o caso de uma paciente de 55 anos, sem histórico de doenças psiquiátricas, que teve alucinações com macacos e leões dentro da própria casa depois de receber alta do hospital pela infecção com coronavírus.
Outra participante, de 47 anos, foi internada com dor de cabeça e dormência na mão direita uma semana depois de apresentar tosse e febre. O quadro piorou rapidamente, e foi preciso fazer uma cirurgia de emergência para aliviar a pressão dentro do crânio causada pelo inchaço do cérebro.
“Queremos que profissionais de saúde do mundo inteiro estejam alertas a essas complicações do coronavírus”, diz Zandi. Os pesquisadores se preocupam com uma falta de atenção no sintoma, o que pode causar danos cerebrais em parte da população — um cenário parecido aconteceu depois da pandemia de gripe espanhola em 1918, quando cerca de um milhão de pessoas tiveram o problema.