Pesquisa associa consumo exagerado de refrigerante a mortes prematuras
Trabalho acompanhou dados de 450 mil pessoas por 16 anos. Consumo de dois ou mais copos por dia pode aumentar em até 17% o risco de morte
atualizado
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Temos uma má notícia para os fãs de refrigerante: a bebida aumenta os riscos de morte prematura. E mais: esse bilhete também vale para as versões sem açúcar. A descoberta, publicada no Jama Internal Medicine, foi feita por pesquisadores da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, instituição ligada à Organização Mundial de Saúde.
De acordo com os cientistas, este é o terceiro grande estudo finalizado este ano sobre o assunto. Eles analisaram dados de mais de 450 mil pessoas com até 50 anos de idade de dez países europeus. Os participantes não tinham histórico de doenças como câncer, problemas cardíacos ou diabetes e cerca de 70% deles eram mulheres.
Ao longo do levantamento, que durou 16 anos, as pessoas responderam questionários sobre hábitos como prática de exercícios físicos, consumo de cigarros, peso e hábitos alimentares, incluindo o consumo de refrigerantes, bebidas gaseificadas e energéticos. Ao todo, foram registradas 41,6 mil mortes durante o período do estudo. Os cientistas descobriram que 9,3% das pessoas que beberam menos de um copo de refrigerante por mês morreram durante o estudo e que 11,5% daqueles que beberam dois ou mais copos de 250 ml por dia morreram.
A equipe diz que quando fatores como índice de massa corporal, dieta, atividade física, tabagismo e nível educacional são levados em consideração, o risco de morte entre aqueles que tomam dois copos de refrigerantes por dia é 17% maior em comparação com aqueles que bebem menos de um copo um mês.
Os resultados foram semelhantes entre consumidores de refrigerantes com ou sem açúcar e não houve diferenças significativas entre participantes homens e mulheres.
Apenas com base nesse estudo específico, os autores não são capazes de determinar, com precisão, por quê os refrigerantes aumentam o risco de morte prematura. Ao analisarem as causas específicas das mortes, contudo, eles descobriram uma associação entre refrigerantes adoçados artificialmente e óbitos por doenças do aparelho circulatório. Já os refrigerantes adoçados com açúcar estavam associados a um maior risco de morte por doenças digestivas. Os refrigerantes em geral também foram associados a um maior risco de morte pela doença de Parkinson.
Outra pesquisa feita esse ano por pesquisadores de Harvard mostrou os males do refrigerante. Depois de analisar dados de cerca de 37 mil homens e 80 mil mulheres por 30 anos, os cientistas afirmaram que bebidas com adição de açúcar, como refrigerantes, aumentam o risco de morte prematura em consequência de doenças como cânceres e problemas no coração. Segundo os autores do trabalho, quanto maior a frequência de consumo, maior o risco.
De acordo com a pesquisa norte-americana, em comparação com quem consome bebidas com adição de açúcar menos de uma vez por mês, o consumo mensal de uma a quatro dessas bebidas está associado a um aumento de risco de morte prematura de 1%. Quem bebe de duas a seis doses por semana, têm um aumento de 6%. De uma a duas por dia, há um aumento de 14%. De duas ou mais por dia, o aumento é de 21%.