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Pesquisa acha molécula com potencial para tratar câncer de ovário

Cientistas da USP estão trabalhando para usar uma molécula presente no próprio corpo humano como inibidor do desenvolvimento de tumores

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Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, em parceria com o Laboratório de Células Tronco Musculares e Regulação Genética, do National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos, descobriu uma molécula que pode revolucionar o tratamento de câncer de ovário. Segundo os pesquisadores, a molécula seria capaz de impedir que células tumorais entrem em metástase, situação na qual o câncer se espalha para outras partes do corpo.

A pesquisa teve como foco a molécula miR-450a, que atua na síntese de proteínas presente no DNA. De forma geral, essa molécula é pouco expressa em tumores, segundo os cientistas. Nos testes in vitro, contudo, a equipe demonstrou que, quando superexpressa, a miR-450a pode silenciar genes envolvidos na migração celular e no metabolismo energético do tumor. O estudo foi publicado na revista Cancer Research e é financiado pela Fapesp.

Em entrevistas, Wilson Araújo da Silva Junior, pesquisador e coordenador da pesquisa, definiu a descoberta como promissora. Segundo ele, a partir do estudo e com o uso de nanotecnologia, será possível desenvolver novas estratégias terapêuticas contra o câncer de ovário. Associada ou não à quimioterapia, a molécula miR-450a pode contribuir como terapia neoadjuvante (tratamento pré-cirúrgico), aumentando taxas de resposta pré-operatórias.

Em casos mais avançados, a molécula poderia diminuir o risco de progressão ou de morte pela doença, com efeitos colaterais possivelmente menores que os da quimioterapia. Outro ponto interessante, de acordo com o pesquisador, é a capacidade de bloquear o processo de metástase com a superexpressão da molécula.

A descoberta da molécula e de seu mecanismo de atuação surgiu em um estudo posterior, publicado na revista científica PLOS ONE em 2016. O trabalho mostrou que ocorre expressão elevada de miR-450a na placenta e baixa expressão em tumores, entre eles os de ovário. A conclusão do grupo foi que, na placenta, essas moléculas estariam regulando mecanismos análogos ao do desenvolvimento do tumor.

Embora a formação da placenta e a dos tumores sejam processos completamente diversos, existe, até certo ponto, muita semelhança na programação genética de ambos. “A placenta cresce, invade o útero, prolifera e passa por uma vascularização – processo conhecido como angiogênese. É tudo o que o tumor precisa. Porém, diferentemente dos tumores, na placenta esses programas genéticos estão ativos de forma controlada”, disse Silva Junior à Agência Fapesp.

O grupo teve então a ideia de buscar novos alvos terapêuticos estudando genes altamente expressos na placenta, mas que não estão ativos em tumores. “Essa correlação significa que moléculas como a miR-450a deixam de regular processos biológicos importantes para o desenvolvimento do tumor. Pelos nossos achados, se um gene aparece com essas características, é sinal de que ele pode ser um bom alvo terapêutico”, disse. (Com informações da Agência Fapesp)

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