Pesquisa: 60% do grupo de risco nunca recebeu recomendação para vacinar
Pesquisa mostra que há pouco conhecimento entre portadores de doenças crônicas ou fragilidade imunológica sobre a importância de vacinas
atualizado
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A pandemia do coronavírus trouxe para o debate público a importância das vacinas e das questões relacionadas à imunização, como, por exemplo, a existência de grupos de risco que são prioritários nas campanhas de vacinação.
Uma pesquisa inédita revela que 3 em cada 5 brasileiros entrevistados não sabem que indivíduos do grupo de risco têm direito ao calendário ampliado de vacinas no sistema público de saúde. “O Brasil é o país que mais oferece imunobiológicos de forma gratuita para a população”, explica a médica pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (Sbim).
Pessoas que vivem com HIV, pacientes em tratamento oncológico, cardiopatas, diabéticos, pneumopatas, entre outros grupos que apresentam doenças crônicas ou fragilidade imunológica devem observar um calendário diferenciado de imunização, e podem ser atendidas pelos gratuitamente nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, os CRIE. O serviço, que faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS) foi lançado em 1993 e hoje conta com 52 unidades em todo território nacional.
Apesar de quase de 30 anos de existência, 76% dos respondentes garantem nunca ter ouvido falar dos CRIE. No recorte social, o índice de maior desconhecimento está entre aqueles que mais se beneficiariam do serviço: a classe C (82%). A falta de informação é verificada também entre os profissionais da área de saúde.
Do total da amostra que declarou conhecer os CRIE, somente 5% foram informados pelos médicos e igual parcela obteve a informação em hospitais, consultórios, postos ou outras unidades de saúde. “É importante que o Ministério da Saúde se empenhe em divulgar esse calendário de vacinação para estes grupos de risco”, alerta Isabella.
A pesquisa também revelou que 68% das pessoas que vivem com doenças crônicas não receberam a recomendação de vacinação por profissionais da saúde. Os dados foram revelados pela pesquisa “Pacientes de risco: o conhecimento da população sobre os CRIE e o calendário de vacinação”, feito pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) para a campanha CRIE Mais Proteção, a pedido da Pfizer.
A pesquisa foi realizada com 2.000 pessoas na cidade de São Paulo e nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba.
“A equipe de saúde é envolvida no atendimento e no tratamento de quem faz parte do grupo de risco e pode impactar positivamente os índices de vacinação. Afinal, 85% dos entrevistados admitiram que escutam as recomendações médicas e 74% afirmaram que, com certeza, tomariam as vacinas recomendadas para a sua faixa etária ou condição de saúde”, explica Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil. Ela ressalta que o profissional de saúde, como o médico, é uma figura que influencia a decisão de se vacinar dos pacientes.
Paradoxo da pandemia
A pandemia de Covid-19 gerou um paradoxo para a realidade de imunização. De acordo com a pesquisa, 27% dos entrevistados tiveram aumento da percepção positiva sobre vacinas depois do início da pandemia.
No entanto, 48% afirmaram que tem receio de tomar vacina por medo de efeitos colaterais e efeitos adversos. “A pandemia afastou as pessoas dos centros de vacinação, e isso é perceptível até no grupo que tradicionalmente mais vacina, que é o de crianças”, afirma Márjori.
De acordo com ela, em 2020, um percentual de 28% da população de crianças até 1 ano ficaram com o esquema de vacinação incompleto. Em 2019, essa parcela era de 19%. Se for considerado números mais amplos, esse percentual pode aumentar para até 39% de queda em proteção vacinal infantil.
“A vacinação é para todas as idades, não apenas crianças ou idosos”, reforça Isabella, vice-presidente da Sbim. Ela lembra ainda que os pacientes de grupos de risco devem sim ser imunizados, pois são mais susceptíveis as doenças.