Pesadelos recorrentes na infância podem prever demência, sugere estudo
De acordo com pesquisadores, as crianças com pesadelos frequentes apresentaram 76% mais chances de desenvolverem demência aos 50 anos
atualizado
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Uma nova pesquisa publicada na revista científica eClinicalMedicine no domingo (26/2), sugere que pesadelos persistentes a partir dos 7 anos de idade podem ajudar a indicar se uma pessoa terá demência no futuro.
Em um longo estudo, que começou em 1958, pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, acompanharam sete mil cidadãos desde o nascimento até completarem 50 anos, em 2008.
Aos 7 e 11 anos de idade, as mães do participantes foram questionadas se as crianças tinham sonhos ruins com frequência. Do total, 268 tiveram pesadelos recorrentes e, deles, 17 apresentaram comprometimento cognitivo ou doença de Parkinson aos 50 anos, o equivalente a 6% da amostra. Das 5.470 crianças que não tiveram pesadelo, somente 199 desenvolveram demência aos 50 anos (3,6%).
Em síntese, o resultado do estudo mostrou que aqueles com pesadelos persistentes tinham 76% mais chances de desenvolverem um declínio cognitivo e 640% mais chances de ter Parkinson se comparados às crianças que não tinham pesadelos.
De acordo com os pesquisadores, essa relação entre pesadelos com o desenvolvimento de demência e Parkinson não está totalmente clara. No entanto, estudos anteriores associaram as doenças ao acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro causado pelas noites mal dormidas em consequência do sono agitado. Sem o período de descanso, o cérebro não conseguiria eliminar as substâncias que, a longo prazo, podem desencadear as condições.
O neurologista responsável pelo estudo, Abidemi Otaiku, afirma que mais investigações são necessárias para confirmar essa ligação e verificar se a frequência com que temos pesadelos na infância é determinada por fatores genéticos.
“Um gene conhecido por aumentar nosso risco de ter pesadelos regulares, o PTPRJ, também está ligado à chance de desenvolver Alzheimer na velhice. Portanto, é possível que pesadelos e doenças cerebrais progressivas sejam causadas por um conjunto compartilhado de genes”, explica Otaiku, em artigo publicado na plataforma de divulgação científica The Conversation.
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