“Perdi a vontade de beber”, diz homem sobre efeito adverso do Ozempic
Substância ativa usada para o tratamento de diabetes e obesidade foi atribuída ao suposto efeito colateral no paciente
atualizado
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O norte-americano Erin Bradley McAleer, de 43 anos, compartilhou sua jornada de perda de peso após emagrecer 36 quilos usando um remédio para obesidade com a substância ativa semaglutida, comercializado no Brasil como Ozempic. Mas além de o medicamento produzir o efeito desejado, o advogado afirmou que a substância o ajudou a superar o desejo por bebidas alcoólicas.
“Antes do remédio, eu não conseguia tomar só uma garrafa de cerveja. Tomava oito, dez, quase religiosamente”, disse McAleer à revista Insider.
O homem comentou que começou a tomar o medicamento para perda de peso há um ano, desde que teve um derrame oftalmológico. A condição ocorre quando não há circulação suficiente de sangue para o tecido ao redor do nervo ótico, sendo um indicador de má saúde vascular. O incidente, que quase fez McAleer perder a visão, foi o pontapé inicial para a decisão de perder peso.
Embora ele tenha ficado feliz com o emagrecimento e a melhora do fluxo de sangue, o homem afirmou ter ficado um pouco irritado quando percebeu que o interesse por álcool estava diminuindo. Para ele, seria impossível sobreviver a eventos sociais e esportivos com os amigos sem estar um pouco alcoolizado.
Hoje, McAleer diz que aprecia a vida sem muito álcool e toma, no máximo, duas cervejas quando sai com amigos.
“Isso me ajudou a perceber que a maioria desses eventos são legais naturalmente, e a diversão só depende das pessoas com quem estou”, ele afirmou.
O advogado acredita que a redução da vontade física pelo álcool é um efeito colateral – embora não intencional – dos medicamentos com semaglutida. Ele não é o único que relatou o impacto da substância — no Reddit, um usuário relatou que costumava beber dois ou três drinques toda noite, mas o medicamento foi como uma chave para diminuir o desejo. Hoje, o internauta se considera abstêmio.
Tratamento para o vício
O médico endocrinologia Bruno Babetto comenta que existem estudos relacionando o uso de medicamentos para lidar com a obesidade e diabetes tipo 2 e um possível tratamento do vício em álcool.
“Um grupo de pesquisadores na Suécia descobriu que a droga liraglutida, semelhante à semaglutida, inibe o efeito do álcool na produção de dopamina no cérebro. Ou seja, torna a bebida menos prazerosa, diminuindo a motivação para beber. A liraglutida é um análogo do hormônio GLP-1, que está envolvido na regulação da fome”, explica o endocrinologista.
Ele acrescenta que em um estudo de 2015, a substância reduziu o consumo de álcool em 30-40% em ratos que beberam grandes quantidades de álcool por vários meses, dando evidências de que o GLP-1 pode reduzir o consumo de álcool, indiretamente, especialmente em pessoas com transtorno por abuso da bebida.
No entanto, o médico ressalta que ainda não há evidências suficientes para indicar formalmente o uso de medicações para controle de diabetes tipo 2 ou obesidade no controle da ingestão de álcool, e nem todos os pacientes podem fazer uso do remédio.
“Existem pessoas alérgicas à liraglutida ou semaglutida e outras substâncias contidas na medicação, e existem possíveis efeitos colaterais adversos, como diarreia, vômitos e enjoos”, explica o especialista.
A prescrição e indicação médica são importantes para o uso de qualquer medicação, especialmente aquelas para controle do diabetes tipo 2 utilizadas com outras finalidades, no famoso uso off-label.
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