metropoles.com

Partículas de plástico podem passar da mãe para o feto, diz pesquisa

Experiência feita em ratos mostrou que pedaços minúsculos do material podem chegar ao feto via placenta

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Pixabay
garrafas de plástico
1 de 1 garrafas de plástico - Foto: Pixabay

Uma pesquisa conduzida pela Universidade Rutgers (Estados Unidos) mostrou como minúsculas partículas de plástico podem ser transferidas pela placenta aos fetos em mamíferos vivos.

O estudo foi feito com ratos e descobriu que os microplásticos inalados pela mãe viajam pela placenta e se acumulam nos pulmões, cérebro e coração do feto em desenvolvimento. O trabalho também revelou que as nanopartículas de poliestireno foram capazes de chegar ao feto 90 minutos após terem sido expostas à mãe.

Os cientistas ainda não sabem se as descobertas também se aplicam à gravidez humana, mas os achados são motivo de preocupação, segundo eles.

De acordo com o trabalho, publicado na revista científica Particle and Fiber Toxicology, os plásticos são feitos de polímeros de cadeia longa que se desprendem e se degradam com o tempo em fragmentos menores conhecidos como microplásticos.

Os cientistas acreditam que essas fibras, com menos de 5 milímetros, representem um risco para a saúde humana e animal, mas ainda não se sabe a extensão exata destes danos.

Os nanoplásticos, entretanto, são cerca de mil vezes menores do que os microplásticos — e a ciência sabe ainda menos sobre os impactos destes materiais na saúde humana e animal.

Para chegar às conclusões do estudo, os pesquisadores criaram peças esféricas de poliestireno com 20 nanômetros de diâmetro, que foram aspiradas pelos ratos de laboratório. Os nanoplásticos esféricos foram presos a uma etiqueta fluorescente, para que os cientistas pudessem ver o quão longe eles poderiam ir no organismo dos animais.

O estudo expôs os roedores a cerca de 60% da quantidade de partículas que uma mãe humana inala todos os dias. O teste foi realizado no 19º dia de gravidez, um dia antes de a fêmea da espécie dar a luz. No dia seguinte, os pesquisadores analisaram os tecidos da mãe e do feto a partir de exames de imagens ópticas fluorescentes.

A análise revelou que os fetos de mães expostas eram 7% mais leves do que o esperado. A placenta também era 8% mais leve do que as observadas no grupo dos animais de controle (ou seja, que não inalaram os nanoplásticos esféricos). Os exames também detectaram partículas de nanopoliestireno no pulmão, coração e baço da mãe.

As nanopartículas também estavam presentes na placenta da mãe e no fígado, pulmões, coração, rim e cérebro do feto, “sugerindo translocação de nanopartículas de tecido pulmonar para fetal na fase final da gravidez”, escreveram os pesquisadores.

“Nossa teoria é que algo na vasculatura materna muda, então você tem uma redução no fluxo sanguíneo, que por sua vez leva a uma redução na entrega de nutrientes e oxigênio”, afirmou Phoebe Stapleton, professora da a Universidade Rutgers e principal autora do estudo, em entrevista ao The Guardian.

“Agora sabemos que as partículas são capazes de atravessar para o compartimento fetal, mas não sabemos se elas estão alojadas lá ou se o corpo apenas as bloqueia, o que não causaria toxicidade adicional”, pontuou.

Estudos anteriores descobriram que uma pessoa comum come, bebe e inala até 142 pequenos pedaços de plástico por dia, de acordo com uma pesquisa de 2019 conduzida pela Universidade de Victoria. O total é equivalente a 74 mil partículas por ano ou cerca de um cartão de crédito por semana.

Além de interferir fisicamente nos sistemas e tecidos, acredita-se que os plásticos causam danos à saúde por transportar produtos químicos pelo organismo, que podem ser prejudiciais quando em altas doses. Já se sabe, por exemplo, que grandes quantidades de ftalatos e bisfenóis podem alterar níveis hormonais, afetando negativamente a fertilidade humana.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?