Parkinson: MIT desenvolve aparelho para acompanhar pacientes em casa
Cientistas afirmam que aparelho melhora monitoramento da evolução da doença, o que contribui para uma medicação mais eficiente dos pacientes
atualizado
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O Parkinson é uma das doenças neurodegenerativas mais conhecidas e é caracterizado por tremores involuntários no corpo. A condição tende a progredir de forma diferente em cada pessoa, sendo importante acompanhar os efeitos no paciente de perto para orientar o tratamento.
Para melhorar esse acompanhamento, cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, desenvolveram um dispositivo parecido com um roteador de Wi-Fi. Ele consegue monitorar a progressão da doença sem a necessidade do uso de fios.
O projeto foi divulgado no formato de um artigo publicado na revista científica Science Translational Medicine. De acordo com os cientistas, o aparelho permitiu identificar que a velocidade dos movimentos dos pacientes com Parkinson diminuíam muito mais rápido que a de pessoas sem a condição.
Inteligência artificial
O aparelho é capaz de acompanhar a velocidade na qual o paciente caminha e os movimentos dele, definindo de maneira mais precisa o quadro da doença. Ele utiliza um tipo de inteligência artificial, o machine learning, para fazer o monitoramento a partir das ondas emitidas pelo corpo do indivíduo enquanto ele anda pela casa.
O projeto foi liderado por Dina Katabi, professora de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação no MIT. No vídeo criado para divulgar o dispositivo, ela afirma que um dos maiores desafios do Parkinson é escolher a dosagem adequada de medicamentos para cada paciente.
“Nosso aparelho pode ajudar os médicos a fazer isso, porque ele mostra como a velocidade dos passos do paciente varia ao longo do dia. Quando há muita oscilação, é preciso aumentar a dosagem do medicamento”, a professora explica.
Para testar o dispositivo, os pesquisadores implantaram o medidor em 50 domicílios, sendo que em 34 deles o participante tinha o diagnóstico da doença. Durante o período de um ano, os dispositivos coletaram mais de 200 mil dados sobre a velocidades dos passos e outras características de movimentos.
Após os testes, os médicos conseguiram avaliar o quadro dos pacientes e adaptaram os medicamentos da maneira mais precisa a partir das informações coletadas.
Exames remotos
De acordo com os pesquisadores, cerca de 40% das pessoas com Parkinson não têm acompanhamento de um neurologista ou de um especialista na doença; e mesmo aqueles com acesso aos profissionais não possuem o monitoramento adequado. Para os estudiosos, a tecnologia pode preencher essas lacunas.
“Esse estudo demonstra o poder de monitorar a saúde à domicílio: usando um aparelho simples de ondas de rádio, conseguimos medir o quão rápido ou devagar os pacientes se movem no ambiente natural deles. A velocidade de locomoção está atrelada à mortalidade por Parkinson, então o dispositivo poderá ser usado para desenvolver novos tratamentos”, aponta Ray Dorsey, professor de neurologia do Centro Médico da Universidade de Rochester e avaliador da funcionalidade do aparelho.
Agora, os cientistas pretendem avaliar o uso de dispositivos semelhantes para monitorar outras doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e síndrome de Huntington.
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