Parassonia: saiba argumento médico que livrou agressor da cadeia
Segundo manual BMJ, as parassonias são eventos indesejáveis que ocorrem durante o sono ou na transição do sono para a vigília, ou vice-versa
atualizado
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A parassonia foi o argumento usado pela defesa do advogado Vinícius Batista Serra para livrá-lo da acusações de tentativa de feminicídio e agressão contra a paisagista Elaine Caparroz.
O episódio de violência contra Elaine chocou o Brasil em 2019, quando a mulher deu entrevistas com o rosto totalmente desfigurado após apanhar de Vinicíus no que estava planejado para ser um encontro romântico.
Segundo o manual médico BMJ, as parassonias são eventos indesejáveis que ocorrem durante o sono ou na transição do sono para a vigília ou vice-versa.
As parassonais incluem comportamentos anormais (por exemplo, sonambulismo) ou sonhos (por exemplo, pesadelos).
As parassonias podem ser transitórias e não ter consequência significativa sobre a qualidade do sono do paciente, mas, em alguns casos, “são suficientemente graves ou persistentes para causar perturbações significativas no sono e sofrimento ou lesão para o paciente ou companheiro”, ainda de acordo com o manual BMJ.
A neurologista Andrea Bacelar, diretora da Associação Brasileira do Sono (ABS), explica que os episódios de parassonia podem incluir ações violentas. “A pessoa pode bater, chutar, cair da cama, machucar a si próprio ou ao parceiro que está ao lado”, afirma Andrea.
No entanto, ela acrescenta que esses episódios não costumam durar mais do que 15 minutos – no máximo, 30 minutos. “O sono ocorre em ciclos. Cada ciclo de sono passa por todos os estágios e dura de uma hora e meia a duas horas, A gente completa um ciclo e vive um novo ciclo. Em uma noite, ocorrem de quatro a seis ciclos. Então, as pessoas não ficma duas horas, três horas, em um único estágio de sono e nem com esse estágio de sono comprometido”, pondera. Segundo a vítima, o acusado a agrediu por pelo menos quatro horas.
O diagnóstico de parassonia é feito com uma exame de polissonografia filmado, no qual se acompanham os estímulos elétricos do cérebro durante uma noite de sono. Um eletroencefalograma completo é produzido no período para que sejam detectadas as alterações.
Decisão judicial
Nesta terça-feira (3/12), a Justiça do Rio decidiu que Vinícius Batista Serra não poderia ser responsabilizado criminalmente pelo episódio violento. Os desembargadores da 7ª Câmara Criminal concordaram com a tese de que ele cometeu as agressões devido a comportamentos violentos causados por distúrbios do sono (parassonia).
A decisão determina que Vinícius realize tratamento ambulatorial, indo a uma unidade de saúde uma vez por mês e tomando remédios para controlar a doença. A defesa de Elaine Caparroz pretende recorrer aos tribunais superiores e, até, a cortes internacionais.
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