Caso raro: homem quase fica cego após dormir com lente de contato
O jovem americano de 21 anos tirou uma soneca de lente e acabou tendo que passar por um transplante de córnea para não ficar cego
atualizado
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Reprodução/TikTok
Um jovem americano de 21 anos teve que passar por um transplante de córnea neste ano para não ficar cego do olho esquerdo. Michael Krumholz foi contaminado por um parasita por conta de um breve descuido: ele tirou uma soneca de 40 minutos com as lentes de contato ainda no olho.
O caso aconteceu em dezembro de 2019, durante uma troca de turnos no trabalho. O resto da rotina, inclusive de limpeza das lentes, foi normal, mas logo uma irritação nos olhos se manifestou e o obrigou a ir ao médico. O diagnóstico veio só no começo de 2020: era uma ceratite microbiana por Acanthamoeba em estado avançado.
A ceratite por Acanthamoeba é uma infecção por um protozoário que pode atingir as córneas de quem usa lentes de contato. A contaminação ocorre em indivíduos que costumam dormir de lentes, ou que praticam natação ou tomam banho sem tirá-las, e atinge aproximadamente um a cada 500 usuários. Porém, a gravidade da situação costuma ser menor do que aconteceu com o jovem americano.
No caso de Krumholz, a demora em começar o uso da medicação, com o jovem se automedicando para alergia e depois sendo diagnosticado indevidamente com herpes, levou ao agravamento da infecção.
Sintomas e tratamentos
Os sintomas da ceratite consistem em visão borrada, muita sensibilidade à luz e dor constante. Além disso, os olhos das pessoas infectadas ficam vermelhos, lacrimejantes, e há sensação constante e crescente de ter algo no olho, como um cisco.
Casos que têm diagnóstico rápido são tratáveis com colírios antimicrobianos, mas, em algumas situações, o protozoário pode resistir e levar à cegueira, como ocorreu com Krumholz. Desde o fim de fevereiro, ele está em recuperação de seu transplante de córnea e os médicos esperam que ele recupere totalmente a visão.
Embora raros, os casos da infecção atingem milhões de pessoas em todo o mundo e são registrados no Brasil desde 2003. “O sucesso do tratamento pode estar relacionado à introdução da medicação específica o mais rápido possível, antes do desenvolvimento do protozoário”, afirma o oftalmologista Wilson Obeid, especialista em córneas, em artigo publicado na revista científica Arquivo Brasileiro de Oftalmologia.
Mais do que o sucesso do tratamento, porém, o médico indica que o fundamental é que os pacientes respeitem as orientações de uso e de limpeza das lentes de contato e que sigam o conselho de Krumholz em todas as postagens sobre seu caso nas redes sociais: nunca durma sem tirar as lentes.
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