Para ter empatia: psiquiatra lista 10 sinais comuns do TDAH em adultos

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ganhou evidência nas últimas semanas por causa do comportamento do ator e cantor Fiuk durante o Big Brother Brasil 21. Vários especialistas em saúde mental destacaram as características do transtorno, bem como a necessidade de tratamentos e acompanhamento clínico para que o paciente tenha qualidade de vida.

Se não tratado, o TDAH pode levar a vários prejuízos pessoais e profissionais. E caso quem esteja em volta não tenha ciência do problema, os julgamentos e a pressão exercidos sobre a pessoa podem potencializar esses danos. No entanto, os sinais do transtorno nem sempre são percebidos, principalmente em adultos, que, muitas vezes, acabam sendo taxados de preguiçosos, desinteressados ou incompetentes.

O médico psiquiatra e fundador do canal Saúde da Mente, Marco Antônio Abud, lista 10 características muito comuns de comportamentos do dia a dia que podem caracterizar a presença do TDAH:

1. Ocorrência de atrasos constantes;
2. Direção impulsiva no trânsito (com mais infrações, multas e maior risco de acidentes);
3. Falta de foco ao participar de reuniões longas, distraindo-se com outros pensamentos;
4. Cansaço intenso e distração ao ter que fazer tarefas não estimulantes;
5. Grande dificuldade com relacionamentos, pela dificuldade de escutar o outro e de se lembrar de compromissos;
6. Excesso de procrastinação para atividades consideradas chatas ou repetitivas;
7. Sensação de não conseguir relaxar, parecendo estar com o motor ligado o tempo todo;
8. Dificuldade para priorizar tarefas;
9. Explosões de raiva intensas e repentinas, que passam em minutos, agindo, depois, como se nada tivesse acontecido;
10. Desorganização extrema de objetos, roupas e outros itens do dia a dia.

O especialista destacou ainda outras atitudes que podem sinalizar a presença do TDAH em um adulto. “Existem vários adultos que só conseguem cumprir, com excelência, tarefas com prazo apertado, “na última hora”, o que leva a um gigantesco gasto de energia e sofrimento”, afirmou. Outros, terminam relacionamentos abruptamente, de forma impulsiva. Ou trocam de emprego sem planejamento devido à dificuldade em gerenciar emoções negativas e frustrações.”

Ajuda da família e amigos é fundamental

Após entender a complexidade dos sintomas, o psiquiatra destaca quão importante é o apoio de familiares e amigos de quem tem déficit de atenção. Para ele, uma das principais atitudes é evitar atividades ou modos de orientar comportamentos que sejam punitivos, como dar bronca, criticar ou agredir verbalmente.

“Não tem a mínima utilidade, não vai ajudar a pessoa com TDAH, vai aumentar sintomas ansiosos e sintomas de raiva. O ideal é colocar uma rotina mais estruturada, permitir que a pessoa tenha momentos de descanso, evitar dar muitas instruções ao mesmo tempo e quando a pessoa está fazendo uma atividade, esperar que ela conclua para dar uma nova tarefa”, alertou.

Outra atitude importante é fazer elogios ante aos comportamentos positivos do paciente. “Essas pessoas são muito sensíveis a elogios e reconhecimentos, como na dedicação e esforço nas tarefas realizadas.”

Rotina e tratamentos disponíveis

Há diversas opções de tratamento para o transtorno, que pode ser feito com uso de remédios e/ou terapia comportamental. “Caso o adulto não tenha o perfil comportamental muito bem treinado será necessário o uso de medicações. Apesar disso, não é só a medicação que vai auxiliar esse paciente, até porque a medicação não cura o TDAH, mas ameniza os sintomas”, destacou Marco Antônio Abud.

Segundo o pisquiatra, é possível também adotar algumas medidas na rotina, como exercícios físicos, alterações na alimentação (como evitar jejum prolongado e a ingestão de alimentos com muito açúcar, por exemplo), realizar a terapia cognitivo comportamental para técnicas de organização, técnicas de pausas, descanso, e orientar o paciente sobre a importância de evitar o uso de álcool e drogas.

Fique atento

O TDAH é uma condição neurobiológica, de causas genéticas, que aparece geralmente na infância e acompanha o indivíduo por toda a vida. O diagnóstico do déficit deve ser feito com cuidado por um profissional, considerando as diferentes características e fases de desenvolvimento cognitivo e emocional.