Pandemia reduz expectativa de vida no Brasil; DF é local mais afetado
Estudo demográfico realizado na Universidade Harvard mostra que, pela primeira vez em 80 anos, haverá queda no indicador
atualizado
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A pandemia da Covid-19 fará com que, pela primeira vez em 80 anos, haja uma redução no índice de expectativa de vida dos brasileiros. Segundo projeção feita pela pesquisadora Marcia Castro, do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, a taxa deverá cair, em média, dois anos.
De acordo com a pesquisa, o Distrito Federal será o local mais afetado, com redução de 3,68 anos na expectativa de vida. O declínio é um reflexo do impacto da Covid-19 no índice de mortalidade do país. Até aqui, o Brasil contabiliza mais de 373 mil óbitos devido à infecção provocada pelo novo coronavírus.
Apesar de o DF ter o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país – indicador que leva em consideração educação, renda e longevidade –, Ana Maria Nogales, professora do Departamento de Estatística da Universidade de Brasília (UnB), destaca que a capital tem também uma das taxas de desigualdade social mais elevadas.
“Esse é um dado relevante porque a população mais envelhecida está no centro da cidade, nas regiões mais favorecidas e com menor impacto da Covid, do que nas comunidades de baixa renda, onde o vírus rapidamente se espalhou e atingiu fortemente a população. Essas localidades são muito mais jovens”, afirma.
“Isso mostra que o impacto da Covid é diferenciado e pode ser mais forte conforme aumenta a desigualdade”, completa a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares da UnB.
Outro ponto destacado por ela é a idade da população do DF, mais jovem em comparação a outros estados brasileiros. Quanto mais a Covid-19 impacta a população jovem, consequentemente, maior será a perda de anos na esperança de vida do DF.
Expectativa de vida no país
A expectativa de vida no Brasil é de 76,6 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde 1940, quando o brasileiro vivia, em média, 45,5 anos, o indicador não sofria redução.
Na Região Norte, as situações mais críticas foram observadas no Amapá, com redução de 3,62 anos; em Roraima, com 3,43; e no Amazonas, com 3,28. No Sudeste, a demógrafa chama atenção para o Espírito Santo, onde a expectativa de vida diminuirá 3,01 anos. Já no Rio de Janeiro, haverá um decréscimo de 2,62 anos; e, em São Paulo, de 2,17.
No Nordeste, Sergipe, Ceará e Pernambuco são os estados que terão maior redução, com declínio de 2,21, 2,09 e 2,01, respectivamente. Já nos três estados do Sul do país – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – a diminuição da expectativa de vida deverá ser menos acentuada, abaixo dos dois anos.
O estudo de Marcia Castro foi publicado na plataforma medRxiv. De acordo com a demógrafa, é natural que localidades que enfrentam conflitos ou situações graves de saúde, como uma pandemia, sofram redução da expectativa de vida.
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