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Pandemia faz Brasil registrar 22% mais mortes que o esperado para 2020

Levantamento mostrou que o país anotou mais de 275 mil óbitos por causas naturais do que o que estava previsto para o ano passado

atualizado

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coveiros de cemitério de goiânia usam roupas especiais para enterrar vítimas da covid-19 em goiás
1 de 1 coveiros de cemitério de goiânia usam roupas especiais para enterrar vítimas da covid-19 em goiás - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

De acordo com o levantamento Painel de Excesso de Mortalidade no Brasil, o país ultrapassou em 22% o número de óbitos por causas naturais estimadas para o ano de 2020. O número representa 275.587 mortes adicionais. No total, foram registrados em cartório 1.231.020 brasileiros mortos no ano passado. O estudo foi realizado pela organização global de saúde Vital Strategies e divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) nesta segunda-feira (29/3).

A população de até 59 anos apresentou os maiores percentuais de excesso de mortalidade registrados, de acordo com o documento. Entre janeiro e dezembro de 2020, o número de pessoas mortas nesta faixa etária foi 32% maior que o esperado, o que representa 92.867 óbitos a mais do que o número estimado para o período. Entre a população acima de 60 anos, o percentual de excesso de mortes foi de 20%, ou 182.720 óbitos a mais que o projetado.

O excesso de mortes foi maior entre os homens. Considerando todas as faixas etárias, a previsão era de 639.200 óbitos por causas naturais entre a população masculina. Contudo, o levantamento mostrou um excesso de mortalidade proporcional de 25% a mais em 2020 no grupo masculino.

Segundo Nereu Henrique Mansano, coordenador da Câmara Técnica de Epidemiologia do Conass, quando considerados os dados gerais do país, a equipe verificou o primeiro pico de excesso de óbitos na semana 19 de 2020, ou seja, de 3 a 9 de maio. Naquele período, o percentual de excesso de mortes foi de 46%. Os dados foram calculados segundo as semanas epidemiológicas (que vai do domingo até o sábado seguinte).

Após um curto período de queda, o levantamento observou outro aumento no número de óbitos por causas naturais, que ocorreu a partir da semana 47 (de 15 a 21 de novembro), chegando a 31% de excesso na semana 53 (de 27 de dezembro a 2 de janeiro de 2021).

Segundo os autores do trabalho, o acompanhamento do indicador de excesso de óbitos é uma medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliar o impacto provocado pela Covid-19 nos países. “Os dados, quando associados à análise dos números de morte pela doença e o número de infecções, auxiliam a ter um quadro mais preciso sobre as consequências da epidemia no país”, afirmou a Conass em um comunicado à imprensa.

Excesso de mortes por estados

Nereu Henrique Mansano explica que, ao longo de 2020, o comportamento dos indicadores variou de região para região. “No fim de 2020, os números indicam um outro panorama, com uma tendência de aumento do excesso de mortalidade já em todo o país”, detalha.

A região Norte registrou o pico de mortes excessivas entre 26 de abril e 2 de maio, quando o número de mortes registradas foi 165% maior que o esperado. No Centro-Oeste, o maior número de mortes ocorreu entre 9 e 15 de agosto, com excesso 84% maior do que o estimado. Já no Sul, a maior elevação ocorreu no fim do ano, com elevação de 44% entre 29 de novembro e 5 de dezembro.

Para fazer o painel, são consideradas todas as mortes por causas naturais (excluídas, portanto, as causas violentas) informadas no Portal de Transparência do Registro Civil. Estes números são comparados com a projeção preparada a partir da série histórica de óbitos do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), entre 2015 e 2019.

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