Pandemia diminuiu dois anos na expectativa de vida do brasileiro
Estudo de Harvard mostra que as mortes por Covid-19 fizeram com que a expectativa de vida no país regredisse a níveis anteriores aos de 2013
atualizado
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Uma pesquisa conduzida pelo Departamento de Saúde Global e População da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que a pandemia de Covid-19 pode ter diminuído a expectativa do brasileiro em quase dois anos. De acordo com a estimativa feita pelos pesquisadores, houve uma redução média nacional de 1,94 ano na expectativa de vida do brasileiro ao nascer. Para efeito de comparação, este índice foi 72% maior que o registrado nos EUA.
O estudo ainda não foi revisado por outros cientistas, portanto não foi publicado em nenhuma revista científica até o momento. Além da universidade norte-americana, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também fizeram parte do levantamento.
O objetivo da pesquisa foi avaliar como a pandemia impactou a expectativa de vida das pessoas no momento do nascimento e aos 65 anos de idade. Os pesquisadores basearam o estudo no número total de mortes causadas pela Covid-19 em 2020. A partir de modelos matemáticos, os cientistas fizeram os cálculos levando em conta o gênero e a localidade dos participantes.
Nos últimos 20 anos, os brasileiros haviam ganhado uma média de 6,94 anos em expectativa de vida ao nascer — o que significa que uma pessoa que tenha nascido em 2019, por exemplo, teria quase sete anos a mais de vida do que um indivíduo nascido em 1999. A alta mortalidade impulsionada pela Covid-19, contudo, diminuiu esta expectativa de vida extra em 28%. De acordo com o estudo, a pandemia fez com que os níveis de expectativa de vida no Brasil voltassem ao patamar de 2013.
Os dados foram diferentes em cada estado. Os pesquisadores observaram os piores índices no Amazonas, em que o ganho de 5,51 anos das últimas duas décadas foi reduzido em 60%. Em outros locais, a pandemia fez com que a expectativa de vida retrocedesse aos índices registrados entre 5 e 20 anos atrás.
A redução da expectativa de vida aos 65 anos foi de 1,58 anos, colocando o Brasil de volta aos níveis de 2009. O declínio foi maior para os homens, ampliando em 2,3% e 5,4% a diferença entre homens e mulheres na expectativa de vida ao nascer e aos 65 anos, respectivamente.
No trabalho, os pesquisadores alertam que, embora as descobertas sejam “perturbadoras”, provavelmente as estimativas estão subestimadas. O cenário real pode ser ainda mais preocupante, uma vez que não há confirmação do número correto de infectados e mortos pelo Sars-CoV-2 no país.
Até 23 de março, a Covid-19 causou mais de 2,7 milhões de óbitos em todo o mundo, sendo 48% nas Américas. Juntos, os Estados Unidos e o Brasil respondem por 31% do total de mortes no planeta e 64% das Américas, segundo o trabalho.
Atualmente, o Brasil enfrenta o pior momento da pandemia, com aumento de casos, mortes e hospitalizações. Segundo os pesquisadores, o número de mortes causadas pela doença e relatadas até 23 de março de 2021 foi responsável por 33% dos óbitos em todo o mundo.
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