Pancadas do futebol aumentam risco de declínio neurológico, diz estudo
Pesquisa investigou cérebro de 205 ex-atletas de futebol americano. As pancadas foram associadas a doenças cerebrais degenerativas
atualizado
Compartilhar notícia
Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, sugere que as doenças neurológicas degenerativas, frequentes em jogadores de futebol americano, podem estar associadas aos golpes repetitivos que eles recebem na cabeça.
A pesquisa foi publicada na Brain Communications no dia 6 de março. Os pesquisadores descobriram que as pancadas estão associadas a uma diminuição da massa branca no cérebro, que pode levar a comportamentos impulsivos e outros problemas cognitivos.
A massa branca cerebral é composta por milhares de fibras nervosas que conectam os neurônios. Ela é responsável por metade do volume do cérebro e sem ela, as células não seriam capazes de se comunicar entre si.
“Muitos estudos de neurociência e doenças degenerativas são focados nos próprios neurônios ou células, mas cada vez mais as pessoas estão reconhecendo que podem ocorrer danos às conexões. E é justamente o que queríamos analisar neste trabalho”, explicou o neurologista Thor D. Stein.
Para entender, os efeitos de repetitivas pancadas na cabeça, os cientistas analisaram os cérebros de 205 jogadores de futebol americano, tanto amadores quanto profissionais que, em vida, decidiram doar seus órgãos para serem estudados.
Análise dos cérebros
Os pesquisadores se dividiram em duas equipes. Um grupo conduziu exames patológicos dos cérebros, dissecando a massa branca para identificar os níveis de proteína. Enquanto isso, um segundo grupo avaliou prontuários e entrevistou familiares sobre os sintomas apresentados pelos jogadores.
Stein fazia parte da equipe patológica, que se concentrou em investigar a mielina – membrana de lipídeos e proteínas que envolve e fortalece o cérebro. Eles mediram os níveis de duas proteínas – MAG e PLP – para averiguar a integridade da massa branca dos órgãos.
Os resultados mostraram que, quanto mais anos alguém jogava futebol, menos PLP tinha. Já os que jogaram por mais de 11 anos tiveram menos PLP e MAG do que aqueles com carreiras mais curtas.
Para Stein, os cérebros jovens e em desenvolvimento são especialmente suscetíveis a danos causados pelos golpes repetidos do futebol.
“Descobrimos que, se você começasse a carreira em uma idade mais jovem, era mais provável que tivesse menos dessas proteínas associadas à substância branca décadas depois na vida”, observa Stein.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.