Países ricos devem doar vacinas antes de reforçar imunização, diz Opas
Entidade alerta para limitação da cobertura vacinal na maioria dos países e critica doses de reforço para as nações ricas do continente
atualizado
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A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que acompanha a evolução da pandemia nas Américas, divulgou nesta quarta-feira (14/7) a atualização do cenário da disseminação do coronavírus, controle da transmissão da doença e avanço da vacinação na região.
As autoridades que apresentaram o relatório destacaram que a vacinação continua lenta na maioria dos países do continente, por isso chamaram atenção para o aumento dos investimentos em saúde para combater a pandemia, mas observam que muitos países estão ficando para trás. Por isso, apelaram para a solidariedade dos mais ricos.
De acordo com Carissa Etienne, diretora da Opas, as Américas registraram 74 milhões, ou um terço dos novos casos de Covid diagnosticados no mundo. O número de vítimas também continua elevado, com 1,9 milhão de mortes em decorrência da doença, ou 40% dos óbitos registrados no mundo na última semana.
A entidade alertou também para o elevado aumento de novos casos e transmissão do coronavírus, com destaque para as variantes de preocupação, como a Delta. “Quando as variantes de preocupação circulam, é ainda mais importante que os países intensifiquem a vigilância, especialmente enquanto a cobertura vacinal está baixa”, destacou Etienne em sua apresentação durante coletiva de imprensa ao vivo, transmitida online.
Em tom severo, Etienne criticou novamente países ricos que estão adotando doses de vacina de reforço, enquanto a maioria dos países do continente não ultrapassaram um dígito na porcentagem de cobertura vacinal.
Paraguai e Jamaica vacinaram menos de 3%. Honduras e Guatemala não atingiram 1% de sua população vacinada, por exemplo. “É por isso que continuamos pedindo as doações de vacinas dos países que as têm sobrando para compartilhá-las com a nossa região. Essa continua sendo a única forma para muitos países obterem as doses que precisam rapidamente”, afirmou Etienne.
Ainda de acordo com a diretora, o alto índice de desemprego e de pobreza das Américas faz com que a região seja uma das mais desiguais do mundo todo. “Agora é a hora de os países renovarem seu compromisso com o panamericanismo e com a solidariedade”.
Segundo o relatório, na América do Norte há registros de aumento dos casos na maioria dos países, e o mesmo foi observado nos índices diários do final de junho e início de julho na América Central, principalmente El Salvador e Guatemala.
O relatório informa também que na América do Sul o quadro é misto, com países onde o número de casos e mortes por Covid-19 estão caindo, como Brasil, Peru, Uruguai e Chile. Mas as infecções estão aumentando na Argentina e Colômbia, atingindo os níveis mais altos registrados nos últimos dias.
“Todos estamos cansados, mas devemos quebrar esse ciclo onde há mais transmissão e adotar medidas de saúde consistentemente. Enquanto a cobertura vacinal continua baixa, devemos manter a vigilância”, reforçou a diretora da entidade. “Encorajamos as pessoas a se vacinarem, que tomem as doses recomendadas e lembrem-se: a melhor vacina é a que está disponível”, frisou Etienne.
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