Países devem compartilhar tecnologia para produção de vacinas, diz OMS
Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (28/5), diretor-geral da agência internacional incentivou a colaboração científica internacional
atualizado
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Um ano após a formação do grupo de união de acesso à tecnologia para a Covid-19 (C-TAP), coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e idealizado pela Costa Rica, a entidade faz um apelo para que mais nações se juntem à plataforma.
“Esse é o momento para fazermos todos os esforços possíveis para aumentar drasticamente a fabricação global de vacinas, testes, tratamentos e outros suprimentos médicos e garantir o acesso equitativo à vacina”, ressaltou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS em coletiva nesta sexta-feira (28/05).
A ferramenta da OMS busca simplificar o licenciamento voluntário e a transferência de tecnologia e know-how para acelerar a produção de doses contra o coronavírus. A iniciativa, que conta com o apoio de 41 nações, ainda enfrenta resistência de países como Alemanha, sede de grandes farmacêuticas.
O presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado Quesada, lembrou que o acesso igualitário às vacinas precisa ser ativamente promovido. “Das 1,3 bilhão de doses de vacinas administradas globalmente, mais da metade foi usada em apenas cinco países que respondem por 50% do PIB global, enquanto os países mais pobres receberam 0,3% das doses”.
Tecnologia compartilhada
O “compartilhamento” é uma medida prevista pelo Acordo Trips (Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio, na sigla em inglês) em que as farmacêuticas decidem voluntariamente compartilhar as licenças de seus produtos com países pobres e em desenvolvimento.
Nesse modelo de ciência aberta, aqueles que trabalham em tratamentos e vacinas podem colaborar e, assim, acelerar os avanços científicos. Como resultado, quando um medicamento ou vacina forem descobertos, qualquer um poderá produzi-los.
O modelo não é novo. A Pool de Patentes de Medicamentos (MPP, na sigla em inglês), organização internacional de saúde pública apoiada pelas Nações Unidas, atua em acordo semelhante para facilitar o acesso por países pobres a tratamentos para doenças como AIDS, hepatite C e tuberculose. Não à toa, países que endossam o C-TAP concordam em ceder suas patentes à MPP, que então distribui as licenças para produtores de medicamentos genéricos.
“A principal lacuna são as empresas desenvolvedoras, mas acredito que com vontade política e os incentivos certos, podemos ver um aumento na colaboração e no compartilhamento que ajudaria a acabar com esta pandemia”, afirmou Tedros.
A urgência da OMS e de líderes globais em apoiar iniciativas como essa se deve à atual situação de emergência sanitária. “Com mais de 3,5 milhões de mortes registradas de Covid-19, uma perda estimada para a economia global de US $ 22 trilhões e novas variantes agravando surtos explosivos, esta pandemia está longe de terminar”, reafirmou Tedros.