Transplante: paciente ganha festa de hospital após receber coração
Manoel Antônio dos Anjos, de 63 anos, passou por um transplante de coração após complicações de uma insuficiência cardíaca
atualizado
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Um transplante de coração deu ao fazendeiro aposentado Manoel Antônio dos Anjos, 63 anos, uma nova oportunidade de viver após anos de luta contra o agravamento de um quadro de insuficiência cardíaca. O novo capítulo de sua vida foi celebrado com uma emocionante festa de despedida do hospital na última quarta-feira (23/8), dia em que recebeu alta.
A comemoração contou com balões, a presença de um saxofonista e muitas lágrimas dos profissionais da equipe multidisciplinar que conviveu com Manoel por aproximadamente quatro meses no Hospital do Coração do Brasil, da Rede D’Or.
“Eu não esperava uma despedida daquele tamanho, com todos os médidos na recepção. Fiquei muito emocionado. A alta veio com uma sensação de liberdade, recomeço de uma vida nova. A ficha ainda não caiu”, conta.
Manuel desenvolveu insuficiência cardíaca após sofrer dois infartos, um em 2007 e outro em 2022. Embora tenha feito tratamento, a condição piorou, prejudicando a realização de atividades básicas, como caminhar, tomar banho e trabalhar. As internações ficaram cada vez mais frequentes e o transplante de coração se tornou uma necessidade.
Ele estava hospitalizado há dois meses à espera da doação, mas tinha alguns desafios adicionais, como uma incompatibilidade de 90% dos anticorpos em relação aos doadores existentes. “Isso por si só tornava muito difícil a chance dele receber um órgão”, afirma a cardiologista Viviane Sabatoski, especialista em ciência cardíaca e transplante.
Manoel recebeu a notícia de que precisaria do transplante com total surpresa. “Fui para o hospital fazer um tratamento de quatro dias, no máximo, e fui surpreendido com a notícia de que meu coração estava muito fraco e precisaria de um transplante. Jamais imaginei que fosse passar por isso e não queria admitir”, lembra Manoel.
“A espera parece sem fim. A gente imagina as piores coisas, que nunca vai dar certo. Você não sabe quais consequências podem acontecer”, conta o fazendeiro aposentado.
Depois de dois meses, Manoel foi finalmente submetido ao transplante cardíaco. Ele precisou passar mais um mês em reabilitação após a cirurgia antes de poder ir para casa.
Embora seja um procedimento de altíssima complexidade, com um pós-operatório que envolve cuidados intensivos, Manuel surpreendeu a equipe médica com a rápida recuperação. Em poucos dias, ele já conseguia caminhar com mais facilidade.
Segundo Viviane, o paciente deve alcançar a recuperação total dentro de três a seis meses. A partir daí, poderá levar uma vida normal.
“Eu andava muito cansado, desanimado com tudo. Acho que daqui para frente vou ter uma vida nova. O cansaço melhorou, a alimentação melhorou. Estou começando tudo novamente, graças a Deus”, considera Manoel.
Transplante de coração
A indicação do transplante de coração depende de uma combinação de fatores, como a gravidade do caso e evolução frente ao tratamento — quando o paciente não responde adequadamente a medicamentos ou procedimentos cirúrgicos menos invasivos, por exemplo, é preciso trocar o órgão.
“Alguns pontos que podem sugerir a necessidade de avaliação por equipe especializada são internações frequentes e recorrentes, necessidade de aumento das doses de medicamentos diuréticos para alívio dos sintomas, uso de medicamentos inotrópicos (para aumentar o tônus do múscilo cardíaco), disfunção muito grave do coração e sinais de que algum outro órgão está entrando em sofrimento devido à disfunção do coração”, esclarece a cardiologista Nara Kobbaz, especialista em insuficiência cardíaca e transplante cardíaco do Hospital do Coração do Brasil.
A maior dificuldade para a realização do transplante, segundo Nara, ainda é a disponibilidade de órgãos de doadores compatíveis. E o principal motivo para isso é a não autorização da família, que justifica cerca de 45% dos casos.
“Apesar do transplante cardíaco ser um procedimento complexo que necessita de um centro especializado e capacitado para realizá-lo, na minha opinião, uma grande dificuldade é a escassez de doadores compatíveis, o que pode prolongar o tempo de espera dos pacientes na lista de transplante”, afirma Nara.
A médica aconselha que as pessoas que desejam ser doadoras de órgãos no futuro expressem esta vontade à família.
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