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Quem usa Ozempic precisa fazer dieta especial? Especialistas respondem

Médicos esclarecem como os usuários de medicamentos anti-obesidade, como Ozempic, Saxenda e Mounjaro, devem se alimentar

atualizado

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Foto de prato com brócolis e duas injeções de Ozempic - Metrópoles
1 de 1 Foto de prato com brócolis e duas injeções de Ozempic - Metrópoles - Foto: Getty Images

A inibição do apetite e o aumento da saciedade são dois dos efeitos colaterais geralmente observados por pessoas que usam medicamentos para o controle da diabetes tipo 2, como o Ozempic. Com menos vontade de comer, o caminho para perder peso se tornou menos penoso, fazendo essa categoria de remédios se tornar extremamente popular entre os indivíduos com sobrepeso e obesidade.

Médicos ouvidos pelo Metrópoles alertam, no entanto, que comer menos não significa ser mais saudável. É preciso ter atenção à qualidade da dieta, atendendo as necessidades nutricionais, independente do uso de medicamentos.

“Alguns pacientes com obesidade já têm alguns déficits nutricionais, especialmente de vitaminas, porque comem de maneira ruim. É absolutamente importante uma melhora do padrão nutricional antes, durante e depois do plano de redução de peso”, afirma o médico Bruno Geloneze, professor em endocrinologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador principal do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades da universidade.

O professor esclarece que os medicamentos anti-obesidade populares não diminuem a absorção dos nutrientes ingeridos. Ou seja, esses pacientes não precisam seguir uma “dieta especial”, com a inclusão de produtos diferenciados, mas sim seguir um padrão nutricional saudável e especialmente bem equilibrado, criando uma relação saudável com os alimentos.

“É bom para todo mundo: para quem usa Ozempic e outros medicamentos, e para quem não usa. Tentar dizer que quem toma remédio precisa de alguma dieta especial é uma forçação de barra tremenda”, afirma.

Os medicamentos análogos de GLP-1 – classe que inclui o Ozempic, Saxenda e Mounjaro – diminuem a fome e aumentam a saciedade. Em alguns casos, diminuem a propensão a comer determinados alimentos: estudos mostram que alguns pacientes passaram a ter menos vontade de comer doces e tomar bebidas alcoólicas.

“Os pacientes que usam esses medicamentos geralmente ficam com a sensação de que estão cheios o tempo todo e não conseguem comer porque o estômago fica mais saciado”, explica o endocrinologista Fernando Alves, médico do Hospital Santa Lúcia e da clínica Clínica Três61, em Brasília.

Montagem do prato

Alves esclarece que a dieta feita durante o processo de emagrecimento deve ter déficit calórico, ou seja, o indivíduo precisa consumir menos calorias do que queima durante o dia, com foco nas proteínas e fibras.

O prato deve ter uma variedade de macronutrientes, com aproximadamente 60% de proteínas, 20% de carboidratos e os demais 20% divididos entre fibras e gorduras saudáveis.

Alves recomenda uma ingestão maior de proteínas, com 1,5 g a 2 g de proteína por quilo de peso corporal. Ou seja, um indivíduo com 100 kg deve ingerir até 200 g de proteína por dia.

Uma vez que o paciente está usando o medicamento, pode ser mais difícil ter vontade de comer e ele pode se sentir enjoado com as proteínas. Por isso, é interessante variar com um ovo, carne moída e outros alimentos mais fáceis de comer, e mastigar bem antes de engolir.

Distribuir a alimentação em pequenas quantidades também pode fazer com que o paciente consiga se alimentar melhor.

O consumo de fibras é importante para manter a saciedade por um período maior e deve ser, em geral, de 21 g a 30 g por dia. A ingestão de líquidos deve ser de, pelo menos, 2 litros ao dia, dando sempre preferência à água.

Alves explica que sucos, refrigerantes e bebidas alcoólicas são calóricas. “Todas as bebidas que têm calorias tendem a atrapalhar, e muito, o emagrecimento do paciente”, afirma o endocrinologista.

Estilo de vida saudável

Um emagrecimento saudável baseia-se em alguns pilares. Eles incluem um planejamento dietético de acordo com as características do paciente; o uso de medicação em casos específicos, respeitando os efeitos adversos e as características de cada pessoa; e a prática de atividade física.

“O mais importante para a manutenção da massa magra é um plano de atividade física correspondente às possibilidades dessa pessoa. O exercício é infinitamente mais importante do que os suplementos”, esclarece Geloneze.

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