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Ozempic pode ser menos eficaz em pessoas negras, diz estudo

Tratamentos recentes para diabetes tipo 2 podem ter menos benefício cardíaco e renal para pessoas negras e foram menos testados em minorias

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1 de 1 Imagem colorida de prato com aplicador de Ozempic - Metrópoles - Foto: Douglas Cliff/Getty Images

Antes da moda de uso “off-label” do Ozempic para o emagrecimento, o remédio foi criado para melhorar a vida de pessoas com diabetes tipo 2.

Um estudo publicado nesta quinta-feira (21/9) no Journal of the Royal Society of Medicine, porém, aponta que os efeitos do Ozempic e de outras drogas recentes para controle da diabetes podem ser menores em pessoas negras e que não foram devidamente estudados nelas.

Os pesquisadores apontam que vários remédios que prometem ser uma nova fronteira no tratamento da diabetes tipo 2 não foram devidamente estudados em pessoas de minorias étnicas, especialmente em negros.

Quais são os remédios em análise?

A pesquisa revisita um total de 14 estudos que já haviam sido publicados sobre duas modalidades de remédios, os inibidores de GLP-1 (como a semaglutida e a liragluda, principios, respectivamente do Ozempic e da Saxenda); e os remédios inibidores de SGLT2 (como a canagliflozina, da Invokana).

De forma simplificada, estes remédios atuam inibindo as proteínas GLP-1 e SGLT2, que indiretamente levam ao acúmulo de glicose não-processada no corpo, a origem da diabetes tipo 2.

Os remédios foram analisados para comparar os benefícios cardíacos e renais de seus usos em pacientes diabéticos de diversas etnias.

Embora tenham sido efetivos com pessoas brancas e asiáticas, eles não tiveram os mesmos benefícios em pessoas negras, sendo comparáveis aos usos do placebo.

Segundo a revisão feita pelos médicos da Universidade de Leicester, no Reino Unido, os inibidores de SGLT2 e de GLP1, em pessoas negras o único benefício foi redução de hospitalizações por insuficiência cardíaca. Não houve , porém, redução nos casos de doença renal, de acidentes vasculares cerebrais (AVC) ou de infartos ao ser comparados com o público que não tomou remédio nenhum.

“Considerando que as populações negras e de outras minorias étnicas têm maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 na juventude, a consistente falta de benefícios que observamos destes novos remédios é preocupante”, apontou o especialista em diabetes Samuel Seidu, líder do estudo, em comunicado à imprensa.

O que explica os resultados?

Para a equipe médica do estudo, mais do que comprovar a ineficácia dos remédios, fica evidentemente atestado que as minorias étnicas estão pouco representadas nos ensaios clínicos feitos até agora sobre os inibidores em questão.

Segundo a pesquisa, a maioria dos estudos sequer tinha uma representação robusta de pessoas de minorias étnicas. Em alguns deles foram feitas análises com 93,2% de pessoas brancas. O máximo que a população negra foi contemplada foi em 8,3%.

Os médicos recomendam que sejam feitos novos estudos, “sem o viés de recrutamento”, para avaliar os impactos destes remédios como o Ozempic, mas não recomendam que os tratamentos sejam interrompidos.

O que diz a fabricante?

A Novo Nordisk, fabricante de alguns destes medicamentos, entre eles o Ozempic, foi procurada. Em nota, ela informou que “os estudos não tinham por objetivo avaliar o impacto das medicações de forma estratificada por raça e, por isso, não foram desenhados para essa análise.”

Ainda assim, a farmacêutica completou o posicionamento ressaltando que está buscando dar mais diversidade às seus estudos. “A Novo Nordisk reconhece a importância da diversidade em estudos clínicos para a promoção de avanços que possam garantir dados mais representativos e para ampliar o acesso a tratamentos inovadores ao redor do mundo e já tem atuado globalmente para que perfis cada vez mais diversos sejam incluídos em suas análises.”

O que é o Ozempic?

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Tanto o Ozempic quanto o Mounjaro são medicamentos para controlar a diabetes

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