Ozempic pode melhorar saúde do cérebro e reduzir tabagismo, diz estudo
Cientistas compararam a prevalência de condições neurológicas e psiquiátricas entre usuários do Ozempic e de outros remédios para diabetes
atualizado
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Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostra evidências de que o uso de medicamentos para diabetes à base de semaglutida, como o Ozempic, podem melhorar a saúde do cérebro e ajudar no tratamento da dependência por nicotina.
A descoberta – publicada na quarta-feira (10/7) na revista eClinical Medicine – junta-se a outras pesquisas que mostram benefícios secundários dos medicamentos para o tratamento da diabetes tipo 2 e obesidade.
“Nossos resultados sugerem que o uso de semaglutida pode ir além do controle do diabetes, oferecendo potencialmente benefícios inesperados no tratamento e prevenção do declínio cognitivo e do abuso de substâncias”, afirma o principal autor do estudo, Riccardo De Giorgi, especialista em psiquiatria adulta.
O estudo foi feito a partir de informações de saúde de aproximadamente 120 mil americanos com diabetes tipo 2 em tratamento. Os dados foram analisados entre 2017 e 2021.
Os pesquisadores separaram os participantes em três grandes grupos para comparar a prevalência de 22 condições neurológicas e psiquiátricas entre usuários do Ozempic e de outros medicamentos para diabetes – sitagliptina, empagliflozina e glipizida.
As condições avaliadas incluíam encefalite (inflamação do cérebro, geralmente causada por infecção), Parkinson, déficit cognitivo, demência, epilepsia, enxaquecas, insônia, doenças musculares e hemorragia intracraniana. Também foram analisados os casos de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos; abuso de álcool, nicotina, opioides, cannabis e estimulantes; psicose, transtorno bipolar, depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e suicídio, entre outras.
Os usuários de semaglutida demonstraram um risco 74% menor de desenvolver encefalite em comparação aos que tomavam glipizida e 65% menor em relação à sitagliptina.
Usuários de semaglutida também tiveram 28% menos chances de demonstrar sinais de declínio cognitivo em relação à sitagliptina e glipizida. Com relação à demência, as pessoas que tomavam semaglutida tiveram 48% menos chances de desenvolver o problema em relação à sitagliptina e 37% à glipizida.
Os usuários de semaglutida também apresentaram 28% menos chances de usar nicotina em relação aos usuários de glipizida e 23% contra a empagliflozina.
“A semaglutida foi associada à redução do risco de vários desses resultados neurológicos e psiquiátricos”, escreveram os autores do artigo.
Os pesquisadores britânicos destacam que mais pesquisas são necessárias para confirmar os dados, uma vez que o estudo foi feito apenas com a observação dos dados de usuários do medicamento.
“Nosso estudo é observacional e esses resultados devem, portanto, ser replicados em um ensaio clínico randomizado para confirmar e ampliar nossas descobertas”, afirma o doutor Max Taquet, coautor do artigo científico e especialista no tratamento de transtornos psiquiátricos na Universidade de Oxford.
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