Ozempic: o que é o efeito platô do remédio e como superá-lo
Remédio perde o efeito de perda de peso com o tempo. É possível atravessar essa dificuldade, mas é importante controlar as expectativas
atualizado
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Nos últimos anos, o Ozempic ganhou destaque entre os fármacos que promovem a perda de peso. O remédio, criado para tratar a diabetes tipo 2, passou a ser usado “off label” para o emagrecimento e é tratado por muitos como uma solução mágica.
Por mais que o remédio tenha ajudado algumas pessoas a queimarem uns quilinhos, seu uso não é ilimitado. Como todo método de emagrecimento, depois de certo tempo acaba-se chegando a um platô, quando os efeitos naturalmente se estabilizam.
Especialistas apontam que essa diminuição progressiva dos efeitos é geralmente alcançada após cerca de um ano do uso da medicação. Mesmo remédios mais fortes, como o Monjaro ou o Wegovy, levam a estabilizações na perda de peso.
Em ensaios clínicos conhecidos do Wegovy (semaglutida 2,4 mg), a perda de peso dos participantes diminuiu gradualmente por volta da semana 60, após perda de cerca de 10% a 15% do peso corporal.
O que é o efeito platô?
O problema não é um defeito do medicamento, mas do próprio organismo. Nosso corpo foi treinado para lutar contra a perda de peso e evitar que todas as reservas de energia que estão acumuladas sejam queimadas. Por isso, em todo processo de dieta é normal que o organismo deixe de responder em algum momento.
Entre as estratégias do corpo para frear a perda de peso estão o aumento do apetite, criação de reservas energéticas mesmo com reduções da alimentação e queima de massa magra para reduzir o metabolismo.
“Sabe aquela sensação de, depois de um tempo fazendo uma dieta, começar a sentir mais fome? Ela é real e atinge qualquer pessoa que emagrece. Estima-se que a cada quilo de peso perdido, há um aumento de fome equivalente a cerca de 100 kcal”, explica a endocrinologista Camila Miguel, do Saúde Digital do Grupo Fleury.
Cheguei no platô e ainda quero perder peso. O que fazer?
A endocrinologista explica que o platô não deve ser temido e sim entendido como um processo natural que é feito pelo organismo para garantir sua sobrevivência. Em vez de lutar contra ele, deve-se observar sua chegada e recalcular a rota.
É por isso que os especialistas aconselham adotar estratégias mistas de emagrecimento, inclusive para quem usa o Ozempic. “O produto não faz milagres. Ele é uma ajuda valiosa para quem tem dificuldades de perder peso, mas é preciso integrá-lo com uma alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos”, explica o endocrinologista Thiago Napoli, de São Paulo.
Para evitar ficar refém do platô ou ser obrigado a tomar Ozempic para sempre, os profissionais apontam que é preciso ter acompanhamento médico constante. Além disso, a recomendação é variar nas alternativas para emagrecer até que se atinja um peso ideal, sem buscar, tampouco, o emagrecimento excessivo.
“Toda perda de peso deve ser saudável e pensando no longo prazo, ou seja, precisa ser sustentável. Viver tentando emagrecer pode trazer impactos nocivos para a saúde, prejuízos emocionais e levar ao aumento do risco de desenvolver compulsões e outros distúrbios alimentares”, pontua Camila.
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