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Oxímetros de pulso têm maior taxa de erro em pacientes negros, diz pesquisa

Estudo norte-americano mostrou que os dispositivos têm três vezes mais probabilidade de fornecer leituras enganosas em pessoas de pele negra

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Oxímetro usado em idosa
1 de 1 Oxímetro usado em idosa - Foto: Getty Images

O oxímetro, aparelho usado para aferir o nível de oxigenação do sangue, pode não ser o ideal para acompanhar pacientes negros com Covid-19, de acordo com um estudo feito pela Escola de Medicina da Universidade de Michigan (EUA). O trabalho, publicado em forma de carta ao editor do jornal científico The New England Journal of Medicine, afirma que os dispositivos podem fornecer resultados enganosos em mais de uma em cada dez pessoas.

O principal autor do estudo, Michael W. Sjoding, afirmou que a maior parte da comunidade médica tem operado com base na suposição de que a oximetria de pulso é bastante precisa. “Eu sou um pneumologista treinado e médico intensivo e não tinha conhecimento de que a oximetria era potencialmente imprecisa – e que eu estava perdendo hipoxemia em uma certa minoria de pacientes”.

Segundo os pesquisadores, o erro na leitura em pacientes negros pode estar acontecendo devido ao próprio funcionamento do aparelho. Isso porque os oxímetros de pulso funcionam emitindo dois comprimentos de onda de luz, uma luz vermelha e uma luz infravermelha, que passam através da pele do dedo. O dispositivo detecta a cor do sangue, que difere dependendo da quantidade de oxigênio.

Enquanto o sangue oxigenado é brilhante e apresenta coloração vermelho-cereja, o sangue com pouco oxigênio tem tonalidade arroxeada. Dependendo da tonalidade, diferentes quantidades de luz do dispositivo são absorvidas. O oxímetro, então, analisa as proporções de absorção e calcula a quantidade de oxigênio no sangue. Os pesquisadores suspeitam que as leituras imprecisas podem estar ocorrendo devido à forma como a luz é absorvida por pigmentos de pele mais escuros.

A análise dos pesquisadores norte-americanos foi feita a partir de 10.789 resultados de testes emparelhados de 1.333 pacientes brancos e 276 pacientes negros hospitalizados na Universidade de Michigan no início deste ano.

Os testes mostraram que a oximetria de pulso superestimou os níveis de oxigênio em 3,6% em pacientes brancos e em quase 12% dos negros. De acordo com o trabalho, nas pessoas negras, as medidas do oxímetro de pulso indicaram erroneamente que o nível de saturação de oxigênio estava entre 92% e 96%, quando na verdade estavam abaixo dos 88%.

A diferença percentual pode parecer baixa, porém, segundo Michael W. Sjoding, os níveis de oxigênio abaixo de 95% são considerados anormais. “Isso pode ser a diferença para decidir se o paciente está realmente doente ou não, ou se precisa de tratamento diferenciado ou não”, explicou o médico.

A percepção de que os oxímetros não têm a mesma precisão em pacientes negros não é recente. Desde 2005, Philip Bickler, diretor do laboratório de pesquisa de hipóxia da Universidade da Califórnia, publica artigos e pesquisas que relataram imprecisões em pessoas com pele de pigmentação escura.

Em entrevista ao NY Times, o pesquisador afirmou que “os erros de oximetria são conhecidos por estudos de laboratório há algum tempo, mas o novo artigo fornece evidências do mundo real. O maior problema é que não foi corrigido. Agora, a pandemia de Covid-19 trouxe tudo isso à tona: de repente, o sistema médico está sobrecarregado com pacientes com pouco oxigênio.”

Segundo Philip Bickler, a maneira mais simples de explicar as imprecisões em pacientes com pele mais escura é que o pigmento “espalha a luz ao redor, então o sinal é reduzido. É como adicionar estática ao seu sinal de rádio. Você obtém mais ruído, menos sinal”. Esmalte escuro e dedos frios também podem reduzir a precisão do oxímetro, de acordo com o pesquisador.

Steven Gay, professor associado de medicina da Universidade de Michigan e um dos outros autores do relatório, disse que o estudo é um lembrete para olhar os pacientes de forma holística e individual. “Para cuidar melhor de nossos pacientes, temos que saber essas coisas, então não podemos fazer suposições de que um paciente está bem apenas porque os dados não são o que deveriam ser”, disse Steven Gay.

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