Ouvir vozes é normal? Saiba quando é necessário procurar ajuda

A experiência de ouvir vozes pode ser um sintoma de transtornos de saúde mental ou apenas uma manifestação enfática do chamado “eu interior”.

O psiquiatra Fábio Aurélio Leite, do Hospital Santa Lúcia Norte, de Brasília, explica que as falas dentro da cabeça costumam ser fruto de hiperendofasia ou alucinação auditiva.

“A alucinação auditiva é pior, pois perturba o paciente, prejudicando sua saúde mental. Ela é comum em pacientes com quadros psicóticos”, explica Leite.

A hiperendofasia, por sua vez, é a representação mental da própria linguagem, quando o paciente imagina estar conversando consigo mesmo. “Esse aumento do som interior não sugere nada que o indivíduo já não tenha pensado antes, por isso não costuma causar desespero na pessoa”, afirma o psiquiatra.

As alucinações auditivas costumam estar presentes em quadros de esquizofrenia ou em transtornos psicóticos, também podem ocorrer em quadros de outras doenças mentais, como transtorno bipolar, transtorno depressivo maior, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de personalidade limítrofe e muitas outras patalogias.

As pessoas que sofrem de demência ou delírio apresentam, frequentemente, alucinações auditivas ou visuais.

Quando as vozes devem preocupar

As alucinações auditivas podem indicar quadros de psicose quando as vozes ouvidas pelos pacientes manifestam:

• Ameaças;
• Racismo;
• Xingamentos;
• Acusações;
• Mentiras;
• Obscenidades;
• Conversas entre vozes distintas.

“Já tive um paciente que ouvia conversas constantes entre Deus e o diabo, que brigavam pela alma dele. Até que um dia ele não aguentava mais tanta perturbação e tentou o suicídio, mas não morreu e, então, foi necessário buscar outras metodologias de tratamento”, destaca Leite.

Como lidar com as vozes

Em hipótese alguma dê atenção, razão ou faça o que as vozes pedem. Na aparição de qualquer som interior que não seja os da hiperendofasia, procure um psiquiatra, pois a alucinação auditiva precisa ser diagnosticada por meio de análise clínica do profissional.

“Tempos atrás a psiquiatria queria simplesmente extinguir as vozes da cabeça do paciente e os submetia a medicações fortíssimas. Atualmente, a ideia agora não é ouvir ou não ouvir, mas sim ser funcional”, afirma o psiquiatra.

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