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Oncologista comenta novidades da ASCO 2021 para tratamento de câncer

O médico Paulo Lages, do Grupo Oncoclínicas, explica o que há de mais novo para o tratamento do câncer renal e de próstata

atualizado

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pesquisa em laboratório
1 de 1 pesquisa em laboratório - Foto: Reptile8488/GettyImages

Mesmo em meio à pandemia da Covid-19, cientistas de todo o mundo seguiram com suas pesquisas sobre o câncer. As descobertas mais importantes feitas no último ano foram apresentadas no 57º Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, da sigla em inglês), que ocorreu de forma virtual entre sexta-feira (4/6) e terça-feira (8/6).

Cerca de 4,9 mil resumos de estudos foram aprovados e metade deles, apresentados durante o congresso – considerado o mais importante evento internacional sobre o assunto. Os cientistas discutiram novidades no tratamento de câncer renal, de próstata, pulmão e mama, entre outros.

O oncologista Paulo Lages, do grupo Oncoclínicas, acompanhou o evento com especial interesse em sua área de atuação: os tratamentos para o câncer de próstata e de rins. De acordo com ele, duas pesquisas específicas chamaram muita atenção pela abordagem inovadora:

Novo método para tratar câncer de próstata
Pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos, descobriram uma nova opção para o tratamento do câncer de próstata em pacientes metastáticos, que já fizeram quimioterapia, e não respondem mais ao tratamento hormonal.

O grupo liderado pelo cientista Michael Morris sugere que os médicos utilizem o exame de imagem PET-PSMA – comum, até então, apenas para o diagnóstico – para aplicar o remédio exatamente no ponto afetado. Assim, é possível fazer uma terapia direcionada.

“O que essa estratégia faz é associar um radiofármaco (Lutécio), que irá se ligar exatamente nos locais que estão produzindo o PSMA (PSA de membrana)”, explica Paulo Lages.

Além de ganhar mais tempo de vida, o paciente terá benefícios como a redução de dor, dos sintomas e do risco de fratura. “A principal vantagem é que a gente incorpora um tratamento a mais na linha de cuidados. Com isso, você melhora os desfechos a longo prazo e o paciente ganha em qualidade e tempo de vida”, destaca Lages.

O oncologista esclarece que o radiofármaco Lutécio já é usado no Brasil para tratar outros tumores, mas ainda não tem aprovação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para terapias contra o câncer de próstata, o que torna esse tratamento ainda muito caro.

Imunoterapia para evitar recidiva
Outro estudo que chamou a atenção foi o KEYNOTE-564, voltado para os tumores renais. O cientista Toni Choueiri, do Dana-Farber Cancer Institute, de Boston, avaliou o uso de imunoterapia de forma preventiva, para reduzir o risco de uma recidiva da doença após a cirurgia de remoção do tumor.

A imunoterapia é considerada hoje a melhor estratégia de tratamento para pacientes com metástase. Nesta nova abordagem, no entanto, o tratamento é direcionado para pacientes que não tenham metástase, mas apresentam uma chance muito alta de recidiva da doença.

Historicamente, o tratamento contra o câncer de rim é feito apenas com cirurgia, ao contrário do câncer de mama e de intestino, por exemplo, em que o paciente é submetido à quimioterapia depois do procedimento para evitar que os tumores voltem.

“Até hoje, nenhum remédio dado depois da cirurgia do câncer de rim tinha melhorado os resultados do tratamento. Esse novo estudo mostra que a imunoterapia realizada por cerca de um ano após a retirada do tumor reduz o risco da doença voltar ou torna possível uma recidiva mais tardia”, conta Lages.

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