Oncoguia: desigualdade é o principal gargalo do combate ao câncer
Entidade organiza o 13º Fórum Nacional com a presença de autoridades para cobrar cumprimento de prazos e determinações já criadas
atualizado
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O grande sonho da Oncoguia, entidade que defende direitos dos pacientes com câncer, não é a aprovação de tratamentos inovadores contra a doença, mas algo muito mais simples: o fim da desigualdade no atendimento público de saúde.
A dificuldade de fazer com que os prazos determinados pelo Ministério da Saúde sejam cumpridos é, para eles, o principal gargalo do tratamento do câncer no Brasil, como ressaltaram na abertura do 13º Fórum Nacional Oncoguia, que aconteceu nesta terça-feira (9/5) em Brasília.
No início do evento, foi apresentada a pesquisa Percepção e prioridades sobre o câncer nas favelas, que revelou que mais de dois em cada dez dos moradores de comunidades do Brasil prefere nem fazer exames para saber se está com câncer por medo do prognóstico.
“O acesso à saúde é muitas vezes negado aos moradores de favela e isso acaba gerando uma descrença que há chance de sobreviver. Estamos falando de tratamentos que essas pessoas têm o direito de receber, mas muitas vezes é negado a elas. É uma demonstração de desrespeito justamente no momento em que o paciente mais precisa de cuidado”, afirma a fundadora e presidente do Oncoguia, Luciana Holtz.
“Embora o câncer não escolha quem vai atingir, em um país como o Brasil, a desigualdade acaba criando uma espécie de anticorpo social — é a proteção que o dinheiro e o acesso à informação dão. É uma questão de não ter possibilidade de ir ao médico ou tempo de cuidar da saúde… Às vezes, não há nem a possibilidade de fazer todas as refeições do dia”, afirma Meirelles.
Além disso, o evento teve uma homenagem a Rita Lee, rainha do rock que morreu nesta terça-feira (9/5) aos 75 anos, vítima de um câncer de pulmão.
Mesa de abertura
A mesa de abertura do Fórum contou com a presença, além de Luciana, de Renato Meirelles, fundador do Instituto Locomotiva e responsável pelo DataFavela; o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta; Preto Zezé, ex-presidente da Cufa Nacional; Ana Amélia de Almeida Vianna, oncologista e membro do Comitê de Diversidade da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC); Fernando Henrique de Albuquerque Maia, coordenador-geral de Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer do Ministério da Saúde; e de Elisa Prieto, coordenadora de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas Não-Transmissíveis e Saúde Mental da Organização Panamericana de Saúde (OPAS).
“Ainda temos muito a construir para aumentar a igualdade nos tratamentos. Tínhamos um vácuo de informação sobre o acesso à saúde em comunidades e os números encontrados falam por si. Precisamos estar atentos para informar e atender antes que a desinformação mate mais”, disse Mandetta. “No nosso país, o que rege hoje o acesso a saúde é determinado pelo social. Precisamos chamar o estado para a sua responsabilidade de fazer o SUS ser equânime. A igualdade está na fundação do nosso sistema e temos que fazer isso valer”, completou.
Zezé lembrou que, desde a pandemia, a Cufa está em comunicação direta com a população das favelas justamente para falar sobre saúde, a importância de se prevenir e principalmente em combater o negacionismo. “Nos últimos anos, a favela foi bombardeada por fake news. Temos que atuar como formiguinhas”, afirmou.
Elisa, coordenadora da Opas, comemorou que o levantamento tenha dado voz a pacientes que normalmente não são escutados. “Isso é fundamental. Garantir saúde não é só construir a estrutura, mas dar possibilidade de viver uma vida digna”, apontou.
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