OMS critica estratégia de imunidade de rebanho para conter Covid-19
Tedros Adhanom rebateu tese de que pessoas devam voltar a circular para que populações construam proteção coletiva contra a doença
atualizado
Compartilhar notícia
Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (12/10), o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, comentou a proposta de construção de uma imunidade de rebanho coletiva para a Covid-19.
Na semana passada, mais um grupo de cientistas – entre eles professores de universidades renomadas – lançou um manifesto sugerindo que os jovens voltem a circular para que a imunidade de rebanho contra o Sars-CoV-2 seja construída. De acordo com eles, isso protegeria, inclusive, os mais vulneráveis, já que os recuperados estabeleceriam uma espécie de barreira de proteção.
O diretor-geral da OMS lembrou que, nunca na história da saúde pública, esse tipo de estratégia foi usada para responder a um surto de doenças, que dirá para responder a uma pandemia. “Isso é científica e eticamente problemático”, afirmou Ghebreyesus.
Ele acrescentou que a imunidade de rebanho é uma estratégia de vacinação e não de controle de doenças. Para o sarampo, por exemplo, a imunidade de rebanho requer que cerca de 95% da população esteja vacinada. No caso da pólio, essa porcentagem é de 80%.
O diretor-geral da OMS acrescentou ainda que não há informações seguras sobre quanto dura a resposta imune à Covid-19 nem sobre os efeitos de longo prazo da doença em parte dos pacientes, o que exporia as pessoas a riscos.
“Muitas pessoas pelo mundo continuam a ser suscetíveis à doença, por isso, deixar o vírus circular causará mais contaminações e mortes”, lembrou Tedros.