OMS confirma mais de mil casos de varíola dos macacos em 29 países
Entidade alerta para aparente transmissão comunitária da doença, mas acredita que é possível controlar o surto atual
atualizado
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Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (8/6), a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou que mais de mil casos de varíola dos macacos já foram reportados à entidade, por ao menos 29 países fora da África. Os pacientes infectados são monitorados, e nenhuma morte foi registrada até o momento.
“Os casos reportados são, em sua maioria, mas não somente, entre homens que fazem sexo com homens. Alguns países estão começando a reportar casos de aparente transmissão comunitária, incluindo casos em mulheres. Esse aparecimento repentino e inesperado da varíola dos macacos em vários países não endêmicos sugere que, provavelmente, está acontecendo uma transmissão não detectada há algum tempo”, alerta o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O representante da organização explica que existe, sim, um risco de a doença se estabelecer em países fora da África, e que a OMS está preocupada com a contaminação de pessoas vulneráveis, como crianças e gestantes.
Ainda assim, a entidade reafirma que a varíola dos macacos pode ser controlada com a identificação e o isolamento de pacientes e contatantes. Nos próximos dias, a OMS deve publicar diretrizes para tratamento clínico, prevenção, controle, vacinação e proteção das comunidades.
Ghebreyesus lamentou que a varíola dos macacos – uma doença que é endêmica do continente africano há décadas, e matou 66 pessoas somente neste ano – só tenha ganhado atenção ao chegar a países mais ricos. “É um triste reflexo do mundo que vivemos. As comunidades que convivem com a ameaça desse vírus todos os dias merecem o mesmo interesse, cuidado e acesso a ferramentas para se protegerem”, ressalta.
O assistente do diretor-geral para respostas de emergência, Ibrahima Socé Fall, lembra que é imprescindível controlar a doença na fonte. “Só corremos quando chega em outros países. A intervenção mais importante que podemos fazer é em pesquisa”, frisa.
Vacinas
A diretora de preparo e prevenção a pandemias e endemias da entidade, Sylvie Briand, explica que a entidade está trabalhando para saber exatamente quantas vacinas estão disponíveis no mundo, de qual geração são, e se foram testadas recentemente para aferir a eficácia, já que estão guardadas há muitos anos.
“Estamos também verificando a capacidade de produção e de acesso em diferentes países do mundo. Não teremos vacinação em massa, e sim direcionada. Em termos de quantidade, não sabemos o número exato, mas temos o suficiente para lidar com esse surto”, afirma.
Ainda falta informação
A líder técnica para a varíola dos macacos do programa de emergências da OMS, Rosamund Lewis, explica que ainda não se sabe muito sobre o vírus que está circulando, mas surtos anteriores na África ensinaram muito sobre a doença.
Ela conta que, apesar de pacientes infectados adquirirem alguma imunidade contra o vírus, há casos de profissionais de saúde que foram infectados duas vezes. No continente africano, há dois tipos de vírus responsáveis pela varíola dos macacos, e o que está em circulação no mundo causa doença menos severa. Nesses casos, os pacientes continuam circulando e infectando outras pessoas, até perceberem que estão doentes.
A transmissão mais comum é de pele a pele, quando se tem contato direto com os fluidos das feridas típicas da doença. “Sobre outros métodos de transmissão, ainda precisamos de mais pesquisa. É importante lembrar que há feridas também na boca, nos genitais, e, por isso, é recomendado o uso de máscaras. Existe a possibilidade de transmissão por gotículas, mas não sabemos sobre aerossol. Já foram documentados casos de pessoas contaminadas por ter contato com lençóis e toalhas de pacientes doentes”, explica a líder técnica.
A especialista afirma que a ferramenta mais importante é a informação. Saber identificar sintomas e modo de transmissão da doença é importante para que as pessoas façam um manejo de risco. Rosamund ensina ainda que as feridas da varíola dos macacos podem ser confundidas com as de catapora, sarampo, herpes e sífilis – por isso, é preciso saber o que procurar e fazer testes para confirmar o diagnóstico.
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