OMS alerta que Covid-19 ameaça reduzir expectativa de vida no mundo
O diretor-geral Tedros Adhanom destacou que conquistas das últimas décadas estão em risco por causa da pandemia mundial
atualizado
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Os seres humanos vivem uma média de 5,5 anos a mais agora do que no início deste século, já que a expectativa de vida global passou de 66,5 para 72 anos, mas esse e outros avanços podem ser reduzidos com a pandemia da Covid-19, alerta nesta quarta-feira (13/05) um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
As Estatísticas Mundiais de Saúde publicadas anualmente pela organização, que ainda não incluem dados sobre 2020 e, portanto, não mostram o impacto do novo coronavírus, indicam avanços que ainda são ameaçados pela pandemia, destacou a OMS ao apresentar os novos dados.
“As pessoas têm uma vida mais longa e saudável. A desvantagem é que o progresso é muito lento para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e que retrocederá com a Covid-19”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado.
Por outro lado, embora a melhora na expectativa de vida seja evidente, a OMS destaca que ainda existe uma enorme lacuna entre os países desenvolvidos, onde o indicador atinge 80,8 anos, enquanto nos países em desenvolvimento é de 62,7 anos (números de 2016).
No continente americano, a Costa Rica (79,6 anos) lidera as estatísticas, seguida por Cuba (79) e Panamá (78), enquanto os países com menor expectativa de vida na região são Bolívia (71,5 anos), Guatemala (73,2) e República Dominicana (73,5), de acordo com a OMS.
A expectativa de vida do Brasil em 2016 era de 75,1, mesmo número da Colômbia. Já na Argentina era de 76,9 anos, 76,4 no Chile, 76,6 no México, 75,9 no Peru e 74,1 na Venezuela, segundo o relatório.
Apesar do grande hiato entre os países ricos e pobres, isso vem reduzindo ao longo do século, pois, enquanto a expectativa média de vida nos países em desenvolvimento aumentou 11 anos entre 2000 e 2016, nas nações mais desenvolvidas cresceu apenas três anos.
As estatísticas também revelam melhorias no acesso aos cuidados de saúde para a prevenção de doenças como Aids, malária ou tuberculose, bem como nos serviços de maternidade, o que reduziu pela metade a mortalidade infantil entre 2000 e 2018, destaca o relatório.
Em outros indicadores, a OMS alerta para uma interrupção do progresso, por exemplo, na área de imunização ou no tratamento de doenças não infecciosas, que em 2016 causaram 70% das mortes globais (a maioria delas, 85, nos países em desenvolvimento).
Nesse sentido, a OMS destaca que em mais de 40% dos países do planeta existem menos de dez médicos para cada 10 mil pessoas e que, em um mundo em que a cobertura universal gratuita ainda é uma utopia, cerca de 1 bilhão de pessoas gastam anualmente pelo menos 10% de seus rendimentos com assistência médica.
“A pandemia lembrou a necessidade urgente de todos os países investirem em sistemas de saúde fortes, como a melhor defesa contra surtos como a Covid-19 e outras ameaças que o mundo enfrenta todos os dias”, disse Tedros.