Ômicron continua gerando sublinhagens apesar de transmissão em queda
País está num cenário de baixa positividade do Sars-CoV-2 e num momento de platô das sublinhagens BA.4 e BA.5; vírus continua evoluindo
atualizado
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Nos primeiros dois anos da pandemia de Covid-19, com uma rapidez nunca vista antes, o mundo conhecia novas variantes do vírus SARS-CoV-2 e vivia novas ondas de infecções muitas vezes com aumento nos contágios, nas hospitalizações e até na agressividade da doença.
À medida em que essas variantes se tornavam predominantes e epidemiologicamente importantes globalmente, elas foram recebendo nomes gregos dados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O mundo passou pelas variantes alfa, gama e delta, por exemplo, até chegar na Ômicron, que foi identificada pela primeira vez em novembro do ano passado, na África do Sul.
A Ômicron era tão importante que causou um pico de transmissões e de hospitalizações no planeta entre o final do ano passado e o início deste ano. Desde então, não surgiram novas variantes que justificassem a criação de um outro nome grego para identificá-las, mas surgiram diferentes sublinhagens da variante que predominam até hoje em circulação no Brasil.
Segundo dados da OMS, a partir de novembro do ano passado mais da metade das infecções por Covid-19 em todo o mundo foram causadas por uma das cinco subvariantes da Ômicron: BA.1, BA.2, BA.3, BA.4 e BA.5. O Brasil já teve todas essas linhagens – e elas continuam gerando novas sublinhagens.
Os dados mais recentes do Instituto Todos Pela Saúde (ITpS), que monitora a taxa de positividade do coronavírus para colaborar com a vigilância epidemiológica do vírus no país, apontam que a positividade se manteve baixa em setembro (3%), com um platô na frequência dos casos prováveis das variantes BA.4 e BA.5 (97,9%).
“Uma variante que tem circulado bastante atualmente é de uma linhagem chamada BE.1.1, que é uma descendente da BA.5. Hoje já existe a BK, a BF, a BE, todas derivadas da BA.5. O vírus vai se disseminando, sofrendo mutações diversas, e vão surgindo as linhagens das linhagens das linhagens. A coisa toma uma proporção tão grande que fica difícil até para nós rastrearmos”, explicou Anderson Fernandes de Brito, virologista e pesquisador do ITpS.
Centenas de variantes
Cada replicação que o coronavírus realiza quando está infectando alguém está sujeita a erros que causam pequenas alterações. Essas mutações são aleatórias, sempre acontecem e, na maioria das vezes, têm pouca ou nenhuma importância. Até o momento, estima-se que surgiram mais de 200 novas sublinhagens da Ômicron e derivadas. Por isso, quanto maior é a circulação do vírus, maior é a possibilidade de surgirem novas mutações e variantes.
“O fato é que o vírus não vai desaparecer, ele estará sempre evoluindo e desenvolvendo novas mutações. São cerca de duas a três mutações por mês. Finalmente estamos num cenário de baixa transmissão, mas muito provavelmente ainda vamos ouvir falar das descendentes de diferentes tipos da Ômicron”, disse Brito.
O surgimento das novas sublinhagens acontece mais rápido do que a ciência consegue sequenciar. Muitas vezes ocorre algum surto pontual e a gente nem sabe qual variante é, pode ser uma que a gente nunca viu na vida e nem nome tem. “Vivemos um cenário diferente comparado a meses atrás. Antes a gente tinha uma variante que logo era substituída por outra. Agora vemos as descendentes diretas da Ômicron que ainda estão avançando”, disse.
Importância da vacinação
O cenário de cobertura vacinal da população no momento em que uma variante chega é crucial. Com a queda da cobertura vacinal entre as pessoas que têm as doses extras, é importante reforçar que a pandemia não acabou e não podemos ficar desprotegidos, já que novas variantes ainda podem ganhar espaço e voltar a se disseminar.
“Para esses vírus de transmissão respiratória é fundamental que tenhamos coberturas vacinais elevadas e que as pessoas tomem as doses de reforço. Em uma população com baixa cobertura vacinal, não só o SARS-CoV-2, mas qualquer outro vírus pode se disseminar e causar impactos na saúde”, alertou o infectologista Alfredo Gilio, coordenador da Clínica de Imunizações do Hospital Israelita Albert Einstein.
Já Brito é otimista em relação ao futuro: “Não acredito que vamos ver tão cedo uma nova letra grega surgindo. O que vemos agora são variantes descendentes diretas de linhagens que já enfrentamos num passado recente. Não devemos enfrentar nada que se pareça com o que já enfrentamos”. (Fonte: Agência Einstein)
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