Obesidade ultrapassa fumo como causadora de 4 tipos de câncer
Tumores no intestino, rim, fígado e ovário estão mais relacionados ao peso do que ao fumo, de acordo com pesquisa realizada na Inglaterra
atualizado
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Um estudo do Cancer Research UK revelou que a obesidade ultrapassa o tabagismo como principal responsável por cânceres de intestino, rim, fígado e ovário. Pesquisadores ingleses compararam dados de fumantes do Reino Unido, obesos ou não, e concluíram que anualmente a obesidade provoca 3.940 casos a mais de tumores nesses órgãos do que o ato exclusivo de fumar.
O endocrinologista Flávio Cadegiani explica que a relação entre o tabagismo e a obesidade para a incidência de tumores é complementar. “De forma simplificada, podemos dizer que, muitas vezes, o câncer que está sendo causado pelo tabagismo não consegue ser impedido por conta da obesidade, pois a condição aumenta a inflamação do corpo e inibe a proteção que contém as células cancerosas”, explica.
De acordo com as informações do Cancer Research, o tabagismo ainda representa a maior causa evitável de câncer no Reino Unido, mas os números relacionados a obesos só crescem. Em dados gerais, os indicadores mostram que fumar causa 54.300 casos de câncer por ano, em comparação aos 22.800 provocados pelo excesso de peso. Entretanto, os autores responsáveis acreditam que, com a queda nas taxas de tabagismo, fenômeno que vem ocorrendo no mundo todo, e as taxas alarmantes de obesidade, as causas em breve se inverterão.
Para Cadegiani, a obesidade ainda é vista com preconceito e, por isso, muitos pacientes não recebem o tratamento adequado. “A obesidade é um fator de risco para mais de 200 doenças, leva à redução da expectativa de vida em até 30 anos, a depender do grau de obesidade, e pode levar a condições incapacitantes. Além de doenças mentais, como a demência, e psiquiátricas”, alerta.
Atualmente, a obesidade é considerada um dos maiores problemas públicos de saúde, afetando mais de 670 milhões de pessoas mundialmente, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, a doença já atinge 50% dos brasileiros e 15% das crianças, conforme apontam dados da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). “Nacionalmente, o grande problema é que deixamos de comer a comida tipicamente brasileira, como feijão, arroz e carne, e também o pão fresquinho da padaria, para comermos fast-food e comidas industrializadas e ultraprocessadas”, finaliza o médico. (Com informações da BBC)