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Obesidade: estudo sugere que doença pode estar ligada à dieta dos pais

A pesquisa foi realizada em amostras de ratos e concluiu que a alimentação de genitores influencia no desenvolvimento de doenças metabólicas

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Menina abrindo geladeira
1 de 1 Menina abrindo geladeira - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

É comum que grávidas mudem hábitos alimentares durante a gestação. No entanto, os pais também precisam observar a própria dieta se estão tentando engravidar suas parceiras. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (USP) e financiado pela Fapesp, publicado na revista científica Food Research International, sugere que a qualidade dos alimentos ingeridos pelos pais pode influenciar a prole a desenvolver obesidade.

A pesquisa, divulgada em outubro de 2022, foi feita a partir da análise de uma dieta hipercalórica em ratos. No início do experimento, os cientistas induziram a obesidade nos roedores de ambos os sexos por meio de um cardápio rico em gorduras e carboidratos. Os machos seguiram o regime nas dez semanas anteriores ao acasalamento, enquanto as fêmeas o receberam durante toda a gestação.

A prole resultante do acasalamento foi avaliada em dois momentos. Foram realizados testes de sangue e tecidos com 21 dias de vida e os exames foram repetidos aos 90 dias (considerado o início da vida adulta dos animais).

Os resultados mostraram a concentração de lipopolissacarídeos (LPS), uma espécie de molécula rica em endotoxinas, que podem desencadear um processo inflamatório no hipotálamo, uma região do cérebro envolvida no mecanismo do apetite. O hormônio da grelina, responsável pela fome, e o neuropeptídeo Y, envolvido em processos fisiológicos do sistema nervoso, também foram encontrados.

Resultados

A orientadora do estudo, Luciana Pellegrini Pisani, explica que a prole apresentou importantes alterações logo após a lactação. O aumento na concentração de lipopolissacarídeos, associado positivamente à ativação de vias inflamatórias no hipotálamo, foi uma delas.

Os pesquisadores também observaram alterações em fatores associados à homeostase energética. Luciana afirma que os ratinhos com 90 dias apresentaram mudanças na gordura e nos parâmetros de controle de fome e saciedade.

“Mesmo com uma alimentação equilibrada, observamos aumento de tecido adiposo e alteração de parâmetros relacionados à homeostase energética, e isso eleva a probabilidade de desenvolvimento de doenças metabólicas ligadas à obesidade na idade adulta”, explica a pesquisadora em entrevista à Agência Fapesp.

A obesidade induzida tanto na dieta dos machos quanto na gestação das fêmeas resultou no aumento do neuropeptídeo Y na prole em fase adulta. Apesar de os ratinhos terem seguido uma dieta saudável, eles ainda tiveram acúmulo de gordura.

“Essas descobertas significam que, ao nascer, a prole já está condenada a sofrer problemas metabólicos? Não. Apesar de haver uma propensão maior, é possível diminuir esses efeitos deletérios com uma reprogramação por meio de mudança no estilo de vida, ou seja, prática de atividade física, ingestão alimentar adequada, equilibrada e sem restrições severas ou aumentos drásticos”, diz Luciana.

Ela alerta que os resultados mostram a importância de, a partir do momento em que o casal decide engravidar, seja feito um ajuste na dieta da futura mãe e do pai para garantir uma vida saudável para os filhos.

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