Compartilhar notícia
Nesta segunda-feira (11/10), é celebrado o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. No Distrito Federal, a data é marcada pela atenção ao tema, já que 70,2% da população adulta da cidade atendida pela rede pública de saúde está acima do peso. Os dados são de 2020. Segundo a Secretaria de Saúde, o percentual era de 59,84% em 2015.
O excesso de peso foi registrado, no ano passado, também em 55,04% dos idosos, 50,4% das gestantes, 34,98% dos adolescentes, 27,9% das crianças de 5 a 10 anos de idade e 7,87% das crianças abaixo dos 5 anos.
A obesidade é apontada como fator de risco para doenças cardiovasculares, distúrbios musculoesqueléticos, problemas psicológicos e câncer. A preocupação aumentou com a pandemia de Covid-19, uma vez que pacientes nesta condição apresentaram maiores complicações, tempo de internação e índice de óbitos.
Segundo a gerente de Nutrição da Secretaria de Saúde do DF, Carolina Rebelo, o tema deve ser tradado com seriedade. “A obesidade não é apenas uma questão de força de vontade. Depende do ambiente em que a pessoa está inserida, depende da oferta de alimentos no ambiente em que a pessoa reside ou trabalha”, explica
As unidades Básicas de Saúde são a porta de entrada para o tratamento na rede. É onde os pacientes, que muitas vezes procuram a assistência médica por queixas diversas, recebem o primeiro acompanhamento para tratar a obesidade. Desde o início o tratamento é interdisciplinar, com nutricionistas, psicólogos, endocrinologistas e cardiologistas.
A endocrinologista Alexandra Rubim reforça que tratar a obesidade não é apenas fazer regime, como muitos pensam. Precisa haver uma junção de fatores. “Não basta só fazer dieta e atividade física. Existe todo o contexto, como controlar o estresse, ter uma boa quantidade de sono, ingerir água. Por isso, é muito importante ter uma equipe multiprofissional”, alerta.
De acordo com ela, o encaminhamento para cirurgias bariátricas ocorre somente com o aval da equipe, que analisa o caso de cada paciente.
Lidando com o preconceito
A obesidade também é associada ao estigma e preconceito dos padrões de beleza. No entanto, deve ser tratada como caso de saúde e não de estética. Alexandra Rubim explica que a palavra-chave é o acolhimento: “A pessoa fica envergonhada, se sente julgada. Quando ela chega a um serviço de saúde em que é acolhida, ouvida, isso traz todo um impacto diferente”.
Moradora do Guará, Regina Lopes, 53 anos, sabe bem o que é enfrentar o preconceito por ser obesa. Com 1,75 m de altura, atingiu 106 kg. Ela conta que “chegou ao ponto em que achava que estava com outra doença”, recorda. Contudo, adotou uma estratégia para vencer o desafio de controlar o peso: foco e acolhimento.
Hoje, com cuidados na alimentação e prática de exercícios físicos, ela se orgulha por conseguir manter o peso para o seu biotipo e, principalmente, por se sentir com uma qualidade de vida maior. “Eu não sou magra nem sou gorda. Eu estou em um peso bacana. Estou me sentindo bem”.
Quem é considerado obeso?
O critério utilizado para avaliar e classificar o estado nutricional de uma pessoa é o Índice de Massa Corporal (IMC), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde. A fórmula para o cálculo do IMC é peso (em kg) dividido pelo quadrado da altura (em metros). Por exemplo: uma pessoa de 80 quilos e 1,70 de altura deve dividir 82 por 1,70×1,70, obtendo o IMC de 27,68.
A pessoa é classificada com excesso de peso quando o IMC é igual ou superior a 25 kg/m² e classificada com obesidade quando o IMC é igual ou superior a 30 kg/m². Vale lembrar também que a doença possui três estágios: a obesidade de grau 1 (IMC>30 kg/m² e IMC<35 kg/m²), grau 2 (IMC>35 kg/m² e IMC<40 kg/m²) e o estágio mais grave, de grau 3 (IMC>40).
E no Brasil?
De acordo com informações do Ministério da Saúde, no Brasil, o excesso de peso atinge 96 milhões de pessoas. Entre 2003 e 2021, a proporção de indivíduos com obesidade saltou de 12% para 26% da população. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/2019) apontam que a condição de obesidade já alcança cerca de 41,2 milhões de adultos, também com distribuição maior em mulheres (29,5%) do que em homens (21,8%). (Com informações da Secretaria de Saúde do DF)