Mundo atinge marca de 1 bilhão de pessoas obesas, alerta OMS
Pesquisa publicada na revista The Lancet revela que epidemia mundial de obesidade é puxada pelo ganho de peso de crianças e adolescentes
atualizado
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Mais de um bilhão de pessoas no mundo estão na faixa da obesidade, de acordo com estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado na quinta-feira (29/2), na revista científica The Lancet.
O relatório mostra que o número de pessoas com obesidade passou de 226 milhões, em 1990, para 1.038 milhões em 2022, último ano com dados coletados já compilados.
Os pesquisadores analisaram o índice de massa corporal (IMC) de aproximadamente 220 milhões de pessoas de 200 países. O IMC leva em consideração a altura e peso dos pacientes e é frequentemente usado como parâmetro em estudos epidemiológicos, embora venha perdendo popularidade entre médicos e nutricionistas.
O aumento global do número de pessoas obesas é puxado por crianças e adolescentes. A taxa de obesidade entre os jovens de até 17 anos mais do que quadruplicou em relação a 1990, saltando de 31 milhões para 125 milhões.
O relatório mostra que 879 milhões de adultos vivem com obesidade. Desses, 504 milhões são mulheres e 374 milhões, homens. Proporcionalmente, os homens foram os que mais ganharam peso nas últimas três décadas, com a taxa de obesidade da população triplicando entre 1990 e 2022. Entre as mulheres, a taxa mais do que duplicou no mesmo período.
O aumento significativo surpreendeu até mesmo os médicos envolvidos no estudo. Era esperado que o mundo ultrapassasse a marca do primeiro bilhão de pessoas com obesidade apenas em 2030.
“Muito mais cedo do que prevíamos”, lamentou o diretor de nutrição para a saúde da OMS, Francesco Branca, em comunicado à imprensa.
A epidemia atinge especialmente os países mais pobres. “No passado, pensávamos na obesidade como um problema dos ricos. A obesidade é um problema do mundo”, alertou Branca.
Riscos da obesidade
A obesidade é um problema de saúde pública global e está associada ao risco aumentado para mais de 200 doenças crônicas, inclusive as que mais matam no mundo, como as doenças cardiovasculares, a hipertensão e o diabetes.
“Além disso, temos o aspecto social da obesidade, que aumenta o bullying em crianças e adolescentes, aumenta o absenteísmo no trabalho, pode dificultar a busca de emprego, as relações profissionais e pessoais”, considera o endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
De acordo com o especialista, há projeções de que o impacto direto e indireto da obesidade pode chegar a 3% do produto interno bruto (PIB) do Brasil e até níveis maiores em outros países do mundo.
“Sendo a obesidade a causa base das doenças de maior morbidade e mortalidade que existem hoje, ela gera uma pressão enorme sobre o sistema de saúde e, portanto, aumenta os custos a longo prazo. Então é importante que os governos tenham estratégias de prevenção e tratamento que podem ter um custo inicial, mas salvarão muitas pessoa no futuro se forem bem sucedidas”, avalia.
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