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O que o Brasil pode fazer para conter disseminação da variante indiana

Especialistas afirmam que vigilância epidemiológica precisa ser reforçada com testagem, isolamento e rastreamento de contatos

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CDC/Unsplash
Pessoa com luva azul manuseando tubos de ensaio
1 de 1 Pessoa com luva azul manuseando tubos de ensaio - Foto: CDC/Unsplash

O Brasil se depara com nova alerta em relação à pandemia de Covid-19. Na última quinta-feira (20/5), o Ministério da Saúde confirmou os primeiros seis casos de pacientes infectados com a variante B.1.617, a cepa indiana do coronavírus. Todos foram registrados no Maranhão e são provenientes de um navio que está ancorado na costa sem permissão para desembarque da tripulação.

Na segunda-feira (21/5), o DF e outros 3 estados (Ceará, Pará, Rio de Janeiro) acompanhavam casos de pessoas com suspeita de terem sido infectadas pela variante indiana. O caso do DF foi descartado – o paciente testou negativo para a Covid-19.

No Ceará e no Rio de Janeiro, os sistemas de vigilância aguardam o sequenciamento genômico de amostras recolhidas de pacientes que já testaram positivo para o coronavírus e estiveram recentemente no país asiático. No Pará, estão sendo monitorados três moradores do município de Primavera.

Segundo Julio Croda, médico infectologista, há sim motivos para preocupação quanto à disseminação da variante no país. “O Brasil nunca controlou efetivamente a pandemia de Covid-19. A circulação de uma nova variante que é, potencialmente, mais transmissível pode causar um impacto direto nos serviços de saúde, com eventual aumento de casos, internações e óbitos”.

Segundo ele, para evitar a transmissão comunitária, seria necessário um monitoramento das fronteiras com a instituição de barreiras sanitárias. O Ministério da Saúde anunciou no sábado (22/05) medidas de controle em portos, aeroportos e estradas por meio de testes rápidos.

No entanto, como desde o início da pandemia, houve dificuldades na testagem de casos suspeitos e no rastreamento de contatos, os especialistas enxergam a medida com desconfiança. “Estamos muito atrasados no que diz respeito à controle de viajantes. Não há hoje monitoramento nem medidas de quarentena obrigatórias, isolamento ou acompanhamento de pessoas que chegam ao Brasil com sintomas, como existe em outros países”, afirma Croda.

Falhas
“O Brasil não é hoje capaz de barrar variante nenhuma”, lamenta o médico sanitarista Claudio Maierovitch, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, em Brasília. Ele argumenta que a postura brasileira não tem sido rígida desde o início. “O trabalho de barrar essa variante seria inicialmente o de cortar qualquer conexão com a Índia. Não é impossível, mas é bem difícil. Teria que ser feito o rastreamento de pessoas que vieram de lá por outros países”, explica.

Além disso, o sanitarista elenca a falta de identificação das variantes como outro fator que deve dificultar o enfrentamento da B.1.617. “Provavelmente já está circulando, mas não foi identificada ainda. Isso porque o exame de PCR não consegue fazer essa distinção. Seria necessário um sequenciamento genético, que leva mais tempo”, explica Maierovitch.

Por conta dessa dificuldade de identificação, o médico defende controle para todas as pessoas que testem positivo. “São os mesmos sintomas, e, portanto, as medidas que devem ser tomadas para evitar a variante indiana valem para todos os casos de Covid-19”, completa.

No aspecto individual, os dois especialistas alertam para a importância das medidas de prevenção habituais, como o uso de máscaras de proteção, o distanciamento social e a higienização frequente das mãos. Também devem ser evitadas aglomerações e a permanência em locais fechados sem circulação de ar.

Vacinas
Outra questão levantada pela circulação de novas variantes seria a efetividade das vacinas disponíveis. No último sábado (22/05), a Agência de Saúde Pública da Inglaterra (PHE, em inglês) divulgou estudo que atesta a eficácia de 88% do imunizante Pfizer/BioNTech contra casos sintomáticos pela variante indiana B.1617.2 duas semanas após a segunda dose. No caso da vacina Oxford/AstraZeneca, a efetividade contra a mesma variante foi de 60% após a segunda dose.

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