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O que explica rastros de coronavírus no esgoto antes da pandemia começar?

Traços do Sars-CoV-2 já foram identificados em várias cidades, inclusive em Florianópolis, em amostras de meses antes do primeiro caso

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1 de 1 fotografia digital coronavírus - Foto: IOC/Fiocruz/Divulgação

Uma das perguntas ainda não respondidas pelos cientistas sobre o coronavírus é como o micro-organismo contaminou o primeiro humano e quando isso aconteceu. Apesar dos primeiros casos da doença terem sido identificados em Wuhan, na China, estudos na rede de esgoto de vários países do mundo mostram traços do Sars-CoV-2 em amostras de meses antes do começo da pandemia — em Florianópolis, por exemplo, o vírus foi encontrado em novembro de 2019, e na Espanha, em março do mesmo ano. Os primeiros diagnósticos oficiais foram feitos em dezembro de 2019.

O coronavírus chega à rede de esgoto a partir das fezes de pessoas infectadas. Por atacar também o intestino (alguns pacientes podem apresentar diarreia como sintoma), o vírus é eliminado com outros rejeitos pelo corpo e pode estar presente nos três primeiros dias de infecção, antes mesmo de qualquer sinal da doença se apresentar. Porém, o que foi encontrado no esgoto não é o vírus completo, e sim traços dele.

Em entrevista coletiva na tarde dessa sexta (17/7), a infectologista Maria Van Kerkhove, responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela resposta à pandemia, afirmou que são resíduos de RNA compatíveis com  o coronavírus, e que, até o momento, não há sinais que estes traços sejam capazes de contaminar outras pessoas.

Segundo Tom Jefferson, professor da Universidade de Oxford, pode ser que o coronavírus esteja inativo há anos, circulando no mundo inteiro e aguardando condições ideais para se disseminar. A teoria explicaria a presença do vírus muito antes do primeiro caso confirmado.

Outra hipótese é que algumas pessoas tiveram a Covid-19 antes mesmo de a doença ser identificada pela primeira vez, mas foram infectados por uma versão “menos forte” do vírus. Co-autor de uma pesquisa publicada na plataforma medRXiv (que disponibiliza estudos ainda não revisados pela comunidade acadêmica), o presidente da Sociedade Espanhola de Virologia Albert Bosch sugere que, sem saber sobre a existência da Covid-19, os primeiros casos podem ter sido confundidos com influenza. “Isso pode ter contribuído para a transmissão comunitária antes mesmo de a saúde pública tomar providências”, diz Bosch.

De acordo com o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, ainda é cedo para definir exatamente o que quer dizer a descoberta. “Não se pode descartar que o vírus esteja em circulação há mais tempo do que acreditamos até o momento. É preciso muita cautela!”, afirma.

Informações do esgoto

A presença do coronavírus no esgoto é importante também como medida de saúde pública: pesquisadores descobriram que, quanto maior a quantidade de coronavírus no sistema de saneamento de uma cidade, maior é o número de pessoas infectadas. Com a dificuldade em testar toda a população, esta pode ser uma saída interessante para determinar localmente as regiões com maior número de casos e monitorar uma possível segunda onda da doença.

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