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O que acontece com o corpo se ficar uma semana sem dormir

Neurologista especialista em transtorno do sono aponta os principais impactos para o corpo quando não dormimos por vários dias

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Foto mulher deitada na cama cobrindo o rosto não consegue dormir - Metrópoles
1 de 1 Foto mulher deitada na cama cobrindo o rosto não consegue dormir - Metrópoles - Foto: Getty Images

Você já parou para pensar se conseguiria ficar uma semana sem dormir? Uma boa noite de sono é essencial para o bem-estar geral e o funcionamento adequado do organismo. Ficar sem dormir, seja por insônia ou outra razão, pode trazer inúmeros prejuízos para a saúde.

O neurologista e especialista em transtorno do sono André Ferreira, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, afirma que a falta de sono leva a um maior tempo de vigília, sensação de fadiga crônica e irritabilidade, o que pode desencadear quadros ansiosos e depressivos.

“Sem o sono adequado, o cérebro luta para funcionar adequadamente. Como não têm tempo para se recuperar, os neurônios ficam sobrecarregados e menos capazes de ter um desempenho ideal”, diz.

Ferreira explica que o cérebro não possui mecanismos adequados para compensar a falta de sono. O que ocorre é um aumento da pressão fisiológica para dormir. “Um dos primeiros efeitos de uma semana sem dormir é a perda de atenção. Os pacientes relatam fadiga, excesso de sonolência diurna e posteriormente outras queixas cognitivas”, aponta o especialista.

Confira os impactos físicos e mentais da privação de sono para o corpo

Segundo o neurologista, a privação do sono favorece primeiramente uma inflamação crônica, causando diminuição da eficiência do sistema imune. “Estudos mostram que pacientes com privação de sono produzem menos anticorpos e têm menor produção de anticorpos pelas vacinas”, acrescenta André.

Além disso, a privação crônica do sono leva a uma disfunção do metabolismo de açúcar no organismo, aumento do cortisol, resistência à insulina e diminuição dos níveis de leptina e grelina, que são hormônios relacionados à saciedade e aumento do apetite, respectivamente.

Toda essa combinação pode levar ao desenvolvimento de doenças como obesidade, hipertensão e diabetes. André afirma que o paciente também pode apresentar emoções negativas e dificuldade de concentração.

“Depois de cerca de 48 horas começam a ocorrer episódios de microsono, um reflexo protetor do cérebro que muitas vezes nem somos capazes de perceber e que pode durar até 30 segundos. A maioria dos seres humanos não consegue passar 72 horas sem dormir”, explica o médico.

O que acontece se você ficar acordado por 24 horas

  • Ansiedade ou irritabilidade;
  • Distorções visuais: os objetos podem parecer maiores ou menores que seu tamanho real. Os estacionários parecem se mover e as cores ficam mais claras ou mais escuras;
  • Visão dupla.

O que acontece se você ficar acordado de 25 a 48 horas

  • Sensação alterada de tempo: o tempo pode parecer que está passando lentamente;
  • Ilusões visuais: os objetos se transformam em algo diferente;
  • Alucinações visuais simples: podem incluir experiências como ver uma substância indefinida crescendo no chão ou o aparecimento de formas geométricas;
  • Pensamentos desordenados.

O que acontece se você ficar acordado de 49 a 72 horas

  • Depressão ou euforia (felicidade ou excitação intensa);
  • Alucinações visuais complexas: podem aparecer figuras totalmente formadas, como pessoas, animais ou outros objetos;
  • Alucinações auditivas: ouvir vozes ou sons que não existem.

O que acontece se você ficar acordado por mais de 72 horas

  • Delírios: a pessoa pode começar a acreditar em coisas que não são verdadeiras. Por exemplo, que alguém está conspirando contra você ou que está recebendo uma mensagem especial pela televisão.

E como melhorar a qualidade do sono?

O neurologista Ferreira diz que o primeiro passo é respeitar o sono individual, o tempo ideal de descanso para que aquela pessoa acorde no dia seguinte disposta, descansada e com sensação de sono restaurador.

Ele aconselha que o quarto deve ser escuro e fresco, e a cama adequada para o tamanho e peso do indivíduo. Além disso, realizar a prática de atividade física diária, de preferência ao ar livre, e tomar banho de sol entre 10 e 11 horas da manhã é importante para ajudar o descanso.

O profissional indica algumas estratégias para melhorar a qualidade do sono:

  • Ter bons hábitos alimentares;
  • Não beber e não fumar;
  • Tomar café somente pela manhã;
  • Fazer refeições leves antes de dormir;
  • Ir para cama somente com sono;
  • Não cochilar durante o dia;
  • Dormir e acordar no mesmo horário inclusive nos fins de semana;
  • Evitar o uso de telas pelo menos 90 minutos antes do horário de dormir;
  • Não levar os problemas do dia a dia para cama.

O médico alerta que se a qualidade do sono não melhorar, é importante procurar ajuda médica.

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