O excepcional caso da mulher que não sente dor nem ansiedade
A professora escocesa Jo Cameron é um achado para a ciência. Aos 71, ela carrega uma mutação genética que a torna imune ao sofrimento físico
atualizado
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Imagina não sentir dor alguma? Nem física e nem emocional? É o caso da professora Jo Cameron, 71 anos, que vive em Iverness, na Escócia. Ela é uma das duas pessoas identificadas no mundo com uma rara mutação genética.
A condição começou a ser estudada em 2013, quando ela foi submetida a uma cirurgia na mão e dispensou os analgésicos no pós-operatório. Os médicos, ao estranharem a situação, a encaminharam para uma consulta com geneticistas especializados em dor das universidades britânicas University College London (UCL) e Oxford. Apesar de ser uma condição superespecífica, pesquisadores acreditam que haja mais pessoas como Jo no mundo. O caso foi transformado em artigo acadêmico publicado no British Journal of Anaesthesia na semana passada.
Jo sempre soube que não precisava de remédios para dor, mas nunca se preocupou com o motivo. Ao dar à luz, por exemplo, ela não sentiu as famigeradas dores do parto e disse tê-lo achado prazeroso. A escocesa também queimava frequentemente o braço no fogão e só percebia quando sentia o cheiro.
Além de não sentir dor, Jo também tem uma espécie de blindagem para a ansiedade e o estresse. Recentemente, ela bateu o carro e ficou supercalma, consolando o outro motorista. Os médicos acreditam ainda que o corpo dela consegue se curar mais rápido que o normal.
Os médicos envolvidos no caso acreditam que os estudos sobre a mutação genética que a professora apresenta podem ser úteis para o desenvolvimento de novos fármacos para as pessoas comuns. “Esperamos que, com o tempo, nossos achados possam contribuir para a pesquisa clínica sobre dor crônica, ansiedade e cicatrização de feridas”, explicou o médico James Cox, em entrevista ao jornal The Guardian.