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O ano da ciência: as 9 principais descobertas em saúde de 2021

Este ano foi importante para a ciência, com avanços significativos na saúde. Além da Covid, outras descobertas se destacaram

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Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
ICDF comemora o 300° transplante de coração realizado no instituto, o coração do doador chegou na base aérea de brasília 2
1 de 1 ICDF comemora o 300° transplante de coração realizado no instituto, o coração do doador chegou na base aérea de brasília 2 - Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

O ano de 2021 foi importante para a saúde. Com a necessidade de confiar na ciência para lidar com a pandemia de Covid-19, o assunto se tornou destaque, e é possível ver no dia a dia os efeitos da pesquisa para ajudar a vida da população mundial.

As vacinas são a contribuição mais clara: as fórmulas desenvolvidas a toque de caixa têm ajudado a controlar a Covid-19, baixando a quantidade de mortes e hospitalizações e permitindo que o planeta comece retomar a rotina quase normal (ainda que com algumas restrições).

Mas para além da Covid-19, a ciência avançou em outras áreas da saúde. As aplicações da técnica de edição genética que ganhou o Nobel de Química de 2020 começam a dar frutos na vida real, novos medicamentos para doenças ainda misteriosas vão sendo aprovados e até uma nova possibilidade de transplantes entre porcos e humanos para ajudar a diminuir a fila de pacientes que precisam do procedimento mostrou bons resultados.

O Metrópoles listou as nove principais descobertas da ciência na área da saúde em 2021. Confira a lista:

Vacina contra a Covid-19

O imunizante, que hoje já teve uma dose aplicada em 57,3% da população mundial, segundo o Our World in Data, só começou a ser distribuído e comercializado nos primeiros meses de 2021. Além da rapidez para desenvolver as vacinas, um destaque é a criação das fórmulas de RNA, que eram estudadas há anos, mas nunca tinham sido aprovadas para nenhuma doença.

As vacinas contra a Covid-19 ajudaram o mundo a diminuir a quantidade de óbitos em consequência da infecção e vêm se mostrando eficazes até contra as variantes do coronavírus. Duas doses do imunizante têm evitado complicações em pacientes com a cepa Ômicron, apesar de a proteção ser melhor com o reforço.

Saiba como as vacinas contra Covid-19 atuam:

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Vacina da malária

Pela primeira vez na história, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou uma vacina contra a malária para crianças. O anúncio foi feito em outubro e agitou a comunidade científica — a fórmula será importante para controlar a doença.

“Eu esperava o dia que teríamos uma vacina eficaz contra essa condição antiga e terrível. Hoje é o dia, e é um momento histórico”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em nota divulgada quando a entidade publicou a liberação.

O imunizante Mosquirix, que demorou mais de 30 anos para ser desenvolvido, é 56% eficaz contra as cepas mais comuns do parasita Plasmoduim falciparum na África, onde a doença é mais prevalente. Só em 2020, 627 mil pessoas morreram em decorrência da enfermidade, e 80% delas tinham menos de 5 anos.

Órgão de porco transplantado para pessoa

Em outubro, médicos da New York University Langone Health conseguiram, pela primeira vez, realizar com sucesso o transplante de um órgão de porco para um ser humano. A cirurgia colocou um rim gerado em um animal geneticamente modificado em uma pessoa com morte cerebral e, 54 horas depois, foi confirmado o seu funcionamento.

O porco foi alterado geneticamente para não produzir uma proteína que está ligada à rejeição de órgãos em seres humanos. A expectativa dos pesquisadores é que, no futuro, seja possível criar órgãos em porcos modificados para diminuir a fila de pessoas esperando por transplantes.

Remédio para Alzheimer aprovado

O FDA, a agência americana equivalente à Anvisa, aprovou, em junho, o primeiro medicamento para doença de Alzheimer em 18 anos. A farmacêutica Biogen mostrou que o medicamento é capaz de dissolver placas de proteínas no cérebro dos pacientes — o acúmulo da substância é apontado como uma das razões para o desenvolvimento da condição.

A ideia do remédio é diminuir a velocidade do declínio cognitivo dos pacientes em estágio inicial da doença, e ele é administrado via intravenosa uma vez por mês.

A aprovação não veio sem polêmica: o comitê que aconselha o FDA de forma independente foi contra, alegando que os resultados dos estudos clínicos foram inconsistentes e pontuando que seria importante esperar um pouco mais antes de tomar decisão. A agência americana pediu que a Biogen apresente estudo clínico pós-aprovação para garantir que os benefícios superam os riscos.

Edição genética

Em junho, pesquisadores da University College London (UCL) anunciaram que conseguiram, com sucesso, corrigir um defeito genético responsável pala amiloidose por transtirretina, uma enfermidade hepática considerada rara, em seis pessoas. Doenças genéticas não têm cura, já que são causadas por erros no DNA do paciente.

A ferramenta CRISPR, usada pelos cientistas, faz um processo de edição genética para apagar partes do DNA responsáveis por uma doença. As engenheiras genéticas que desenvolveram a técnica ganharam o Nobel de Química em 2020, e esta foi a primeira prova que a edição é segura e eficaz em pacientes.

Reversão da cegueira genética

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos e publicada em setembro também teve bons resultados com a edição genética para doenças raras. Os cientistas conseguiram inserir bilhões de vírus com a tecnologia CRISPR nos olhos de dois pacientes com Amaurose Congênita de Leber, que causa cegueira congênita ou progressiva.

Sete americanos participaram do estudo. Sem conseguir enxergar há anos, dois deles voltaram a ver cores e silhuetas e foram capazes de reconhecer membros da família. A mudança é pequena, mas suficiente para permitir que se alimentem sozinhos e realizem pequenas tarefas.

Os resultados permitiram a expansão do estudo, que irá testar a tecnologia em mais pacientes para entender melhor os benefícios da técnica.

Remédios contra a Covid-19

Depois de toda a polêmica sobre medicamentos que atuariam contra o coronavírus em 2020, o ano de 2021 trouxe descobertas comprovadas cientificamente. Vários remédios antivirais foram lançados com bons efeitos contra a Covid-19, evitando que a infecção se agrave e o paciente tenha que ser internado.

Em dezembro, o FDA aprovou dois medicamentos, da Pfizer e da MSD (Merck), no formato de comprimido, que podem ser usados em casa, sem precisar de internação, como as fórmulas anteriores. O objetivo é evitar que pessoas contaminadas que apresentem quadro leve, mas tenham pré-disposição a casos graves, piorem.

Psicodélico contra o estresse pós-traumático

Em maio, o primeiro estudo em fase 3 relatando o uso de psicodélicos (MDMA) em pessoas com estresse pós-traumático foi publicado na revista científica Nature Medicine. Os pesquisadores demonstraram resultados extremamente positivos, reforçando a segurança e eficácia da droga para uso controlado.

Participaram da pesquisa 90 pessoas com transtorno de estresse pós-traumático grave e que tinham a doença há mais de 14 anos. Cerca de 90% dos voluntários já tinham pensado em suicídio, e muitos possuíam histórico de abuso de álcool para lidar com a condição.

O MDMA não é usado sozinho no tratamento experimental da doença — os pacientes fazem sessões de terapia semanais, e algumas delas são realizadas com a ajuda da droga. A ideia é ajudar o paciente a processar as memórias dolorosas para se curar. A pesquisa abriu portas, e o MDMA pode ser o primeiro psicodélico aprovado nos Estados Unidos para tratar doenças mentais.

Coronavírus no espaço

Na última semana, cientistas brasileiros conseguiram enviar uma amostra da proteína spike do coronavírus para o espaço. A ideia é cristalizar o material para desenvolver medicamentos contra o vírus.

No ambiente de microgravidade, os testes têm melhor qualidade de dados experimentais, e há menos interferências na cristalização, otimizando a observação e o estudo das proteínas. O material deve voltar à Terra em três meses, e será, então, analisado no Sirius, o acelerador de partículas do CNPEM em São Paulo.

Caso tenha sucesso, a técnica pode ser usada para criar medicamentos contra outras doenças além da Covid-19.

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