Mais fruta, menos pão: nutricionista propõe nova pirâmide alimentar
Em novo livro, a professora da USP Sônia Tucunduva ressalta que frutas, legumes e verduras precisam ser a base da pirâmide alimentar
atualizado
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Você já deve ter visto a imagem da pirâmide alimentar algumas vezes: dividida em vários pequenos espaços, ela mostra proporcionalmente a quantidade de alimentos que deveria compor nossa dieta. As opções da base deveriam ser mais comuns, e as do cume, as menos consumidas.
A pirâmide alimentar original, porém, é dos anos 1990 e elaborada nos Estados Unidos. Ela trazia em sua base a recomendação da ingestão de carboidratos como massas, pães e cereais. Esta visão nutricional, porém, tem mudado ao longo dos últimos anos.
Nesta segunda-feira (17/6), a nutricionista e professora da USP Sônia Tucunduva Philippi lançou um livro que propõe uma nova pirâmide alimentar que reflita as mudanças documentadas pelos estudos mais recentes.
A quarta edição do livro Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição, organizado por Sônia, sugere que a base da pirâmide seja modificada, dando lugar a frutas, legumes e verduras (FLV) que devem estar distribuídos em seis porções ao longo do dia.
Embora a quantidade seja a mesma da recomendação diária de cereais, as frutas foram para a base para destacar a importância que devem ter na alimentação. A nutricionista aponta que o grupo estava minimizado na pirâmide anterior.
Além disso, alguns vegetais também passaram para a área dos carboidratos, como batatas, mandioca e milho. A ideia é mostrar que eles devem ser a preferência também nesse grupo, em vez dos pães e massas que eram destacados na categoria.
“A forma visual como organizamos as representações ajuda muito a fixar conteúdos que às vezes são muito complexos. Queremos que se perceba a importância de uma alimentação mais saudável que promova o bem-estar, por isso passamos as frutas para a base e os cereais para cima, destacando a importância de grãos integrais e raízes”, afirmou Sônia durante o lançamento da obra, que aconteceu na sede da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).
Para a especialista, manter o formato de pirâmide que já era adotado também ajuda o público a perceber as porções que devem ser adotadas na hora de montar o prato. Segundo ela, muitas vezes nos atentamos apenas a quais alimentos são permitidos ou proibidos, sem entender o papel que as porções podem ter no cardápio diário.
Frutas, atividades físicas e ingestão de água na base da pirâmide alimentar
A professora destaca que a meta de trocar a ordem da pirâmide é mostrar que alimentos saudáveis devem ser protagonistas da dieta e também incentivar o consumo em diversos contextos, tornando-os mais acessíveis tanto geográfica como economicamente.
“Deveríamos ter banquinhas de frutas no metrô, fortalecer e disseminar as feiras. As FLV estão cada vez mais caras e, economicamente, estamos barrando o acesso da população a elas”, aponta.
Além da inversão proposta, a pirâmide alimentar ganhou puxadinhos na nova versão. O primeiro deles destaca a importância da atividade física. O segundo dá espaço às plantas alimentícias não convencionais (PANCs), como a ora-pro-nóbis e a taioba, ao uso de temperos naturais, como pimenta e alecrim, e à ingestão de líquidos.
“Temos um nível preocupante de sedentarismo agora no Brasil e é importante destacar a importância de incluir a atividade física no dia a dia da população, dando mais espaço nas escolas e empresas. Além disso, é interessante aproveitar a grande diversidade de alimentos que temos, como as PANCs”, conclui Sônia.
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